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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Entrevista com... Jorge Azevedo, conduzida pelo Prof. Fernando Gouveia

Entrevista com …
Jorge Azevedo


Introdução - Jorge Azevedo, treinador do Clube de Fãs de Badminton de Gaia é natural e residente no Porto, licenciado em Engenharia Mecânica pela FEUP, Presidente da Associação de Badminton do Norte e orientador da Escola de Badminton JAPorto. 
Entrou no Badminton do Estrela e Vigorosa Sport em 1979, onde existia uma equipa bem estruturada e orientada por Henrique Neto. Em 1980 foi Vice-Campeão Nacional / Juniores nas 3 provas, em 1982 Vice-Campeão Nacional / 1ªs categorias de Singulares e Pares Homens, e em 1983 foi, Campeão Nacional / Honras, na prova de Singulares Homens, só repetido em 1988.
Jorge Azevedo, em 1982, 1983, 1984 e 1988 foi Campeão Nacional de Pares Homens com o meu parceiro Diamantino Pereira. 
O EVS organizava anualmente o Torneio Internacional Cidade do Porto, que reunia alguns jogadores estrangeiros e onde se podia experimentar e jogar com “volantes de penas”. Só se repetia essa experiência nos Internacionais de Portugal e quando a Selecção Nacional ia ao estrangeiro.
O Estrela e Vigorosa Sport sofreu muitas mudanças no seu grupo de jogadores ao longo do tempo. Quando faltaram no clube bons atletas para o acompanharem, e quando começou a ter uma vida familiar e profissional mais complicada, o Badminton tornou-se difícil de manter num alto nível, e obrigando-o a retirar das competições em 1993. 
Nesta paragem divertiu-se, praticando Squash perto de casa de forma irregular.
O regresso ao Badminton aconteceu em 2008, pelo convite e insistência do Augusto Pereira e demais equipa, para entrar na Associação Académica de Espinho. Após um arranque lento e demorado, ainda conseguiu obter um título nacional na categoria C. Foi jogando também nos Veteranos B com algumas conquistas interessantes, enquanto os torneios se realizavam em vários locais e não estavam sobrepostos, com os Torneios de Divulgação.
Neste regresso foi convidado pelo Gabinete Desportivo da Universidade do Porto para dinamizar o Badminton, junto dos estudantes da UP, e organizar as equipas que participavam nos Campeonatos Nacionais Universitários de Badminton.

Fernando Gouveia - Começou cedo a praticar desporto, mas foi o Badminton que o interessou e porquê?
Jorge Azevedo - Na minha juventude sempre pratiquei desporto, desde Ginástica, Natação, Ténis e Badminton, no quintal. Numa ida ao Estrela e Vigorosa Sport para jogar ténis, descobri um panfleto a indicar que o clube tinha uma secção de Badminton e resolvi fazer uma visita. A forma como se jogava e a violência das pancadas cativou -me num instante. 
FG - Quando começou a interessar-se pelo desporto e porquê?
JA - Fui sempre um jovem irrequieto. Sempre que podia andava de bicicleta ao ar livre e jogava qualquer jogo. 
FG - Como nasceu o CFBG? E porque foi criado?
JA - O CFBGaia é uma continuidade dos Fãs do Badminton da Escola Soares dos Reis, clube originalmente criado pela Professora Amália Guedes, antiga jogadora de Badminton e que leccionava nessa escola até se reformar.
Perante isso o clube teria de mudar de orientadores. Como estava de saída da AAE e sem destino definido, pegar neste clube já construído foi a hipótese que achei mais interessante. A partir daí o clube expandiu imenso e perdeu a característica escolar que tinha. A mudança de nome foi natural e passou a absorver todos os jovens que queriam ingressar no Badminton da zona de Gaia, juntamente com alguns atletas da AAE que me seguiram. 
FG - Quem é o Jorge Azevedo, como pessoa, como atleta e como dirigente?
JA - Quando era atleta, era teimoso e pouco expansivo, muito focado no objectivo e sonho que tinha. Nessa altura tive a sorte de poder usufruir de um clube e atletas que me ajudaram nesse caminho. Actualmente sou muito mais descontraído, porque sei o que é preciso para se conquistar bons resultados. 
Como dirigente, o Badminton está racionalizado, porque tenho de estabelecer um equilíbrio constante entre as despesas e as condições de treino que posso fornecer. 
FG - Qual a sua opinião, se a distribuição geográfica no Continente fosse organizada, pela Zona Norte (Distritos Aveiro, Braga e Porto), Zona Centro (Distritos de Coimbra, Castelo Branco e Leiria) e Zona Sul (Distritos de Faro, Lisboa e Setúbal?
JA - A competição tem de ser repensada porque é excessivamente monótona e com poucas alternativas. No formato actual, as zonas terão de ser sempre ajustadas de acordo com o número de praticantes que existem em cada zona. Neste momento temos torneios de não seniores, com miúdos de 10 anos a acordarem às 8h00 da manhã e a disputarem o último jogo às 22h00… faz-se, mas os pais são livres de questionar se é razoável.
FG - A FPB demonstra andar muito fechada em si própria e sem interesse em alterar uma atitude e de pensar de forma diferente. O que acha desta situação?
JA - A FPB está refém do Centro de Alto Rendimento e de tudo que se passa em torno dele. Não estaria mal se fosse uma parte do Badminton Nacional em vez do todo. 
O calendário de provas é enorme, com umas regras monótonas, num ambiente de categorias firmes e estanques, sem novidades. Isso dá pouca dinâmica à modalidade, tornando-a pouco interessante para os atletas.
Para o público que poderia assistir, os torneios de Badminton são uma amálgama de jogadores incógnitos, num recinto todos misturados, sem hipótese de ser entendido e de prender a atenção de quem vê. Não há comunicação para fora, um “camisola amarela”, uma categoria em destaque, um nome, um campeão… nada!...
FG - O Calendário Oficial da FPB integra demasiados torneios que muito tem vindo a prejudicar clubes e tem desmotivado treinadores e atletas. Que acha desta situação? 
JA - Se houvesse menos intervenção da FPB e mais iniciativas dos clubes, o Badminton tornar-se-ia mais diversificado. Já está a acontecer com as iniciativas internacionais que alguns clubes estão a desenvolver, em confronto com as provas nacionais. Já os torneios por equipas, por exemplo, caíram no esquecimento.
FG - Quais são as suas expectativas para o Badminton, na ABN?
JA - Estou a lançar algumas bases para que o Badminton possa expandir e sair fora do eixo Porto-Braga. Isso já está a começar a acontecer!... O figurino actual de provas é que torna difícil a motivação dos novos atletas.
FG - É o Presidente da Secção de Badminton dos CFBG e Presidente da ABN e como foi a sua entrada para assumir tão importantes cargos?
JA - Já não sou presidente do CFBG, sou parte do corpo da direcção e sou um dos treinadores do clube. Na ABN fui eleito presidente da direcção por ter disponibilidade de tempo para assumir esse cargo, que faço com muita honra. Quando era novo e atleta usufruía dessas organizações e estruturas para competir. Agora chegou a altura de retribuir. Como gosto de andar no Badminton ainda sou técnico no CDUP e na Escola de Badminton JAporto.
FG - Grande número de jovens já não vêm os treinos como desporto e diversão mas simplesmente trabalho e compromisso. Que fazer para mudar esta situação?
JA - Essa forma de ver o desporto é dada pelos treinadores e clubes que só buscam os resultados. Infelizmente terei de admitir que nalguns jovens isso terá de ser “injectado” pelos treinadores, para conseguirem que eles cooperem. Algumas vezes corre bem outras vezes mal.
Faltam no país mais equipas de Badminton que somente pratiquem Badminton para fazer desporto, como existe no Futsal por todo o lado. A diferença é que no Futsal é mais fácil organizarem-se como equipa e alugarem espaços. No Badminton, como é um jogo individual, essa organização é rara. No caso da Escola de Badminton JAporto, procura-se dar uma qualidade técnica mínima a quem lá vai, para que possam desfrutar da modalidade de forma completa.
A competição tem demasiados formalismos, que afastam os amadores que queiram entrar e as organizações que as queiram dinamizar. 
FG - Está de acordo com o actual sistema competitivo aplicado em todas as competições, quer zonal, quer nacional (excepto Campeonatos Nacionais)?
JA - O sistema actual carece de diversidade, estando nos escalões não seniores a situação mais critica. Deverá saturar em breve!... Não é desejável ter atletas a fazer 12 a 15 jogos num dia, e começarem a jogar das 10h00 até às 21h00, quase sem parar a partir da tarde. 
A maior diversidade de categorias, conjugado com uma maior dinâmica na mudança destas ao longo da época, seriam soluções positivas. Estamos na era dos computadores que calculam e gerem em segundos estas questões. 
FG - Se os Sub-11 jogassem nos dois campos de aquecimento, do CAR respeitando as regras do Mini-Badminton?
JA - Os atletas de Sub11 estão dependentes da vontade de cooperação dos seus pais. Estes torneios com idas às Caldas da Rainha 5 vezes por ano terão de ser curtos, para não saturar os pais que os acompanham, e que têm de passar um dia inteiro no pavilhão. Para não falar numa duração de dois dias, com pernoita nas Caldas da Rainha. 
Estarem separados fisicamente dos outros atletas, acho mal, mas terem uma zona específica dentro do pavilhão para fazerem a prova seria o indicado. Isto poderia ser alargado a todas as categorias. Este escalão deveria ter uma competição mais regionalizada, assente num regime mais informal, parecido com os Torneios de Divulgação, com um Campeonato Nacional nas Caldas da Rainha. tipo Encontro Nacional TDs.
FG - E se os 16 melhores disputassem um Encontro Nacional numa outra zona do país, cujo objectivo seria a descentralização?
JA - A saturação do calendário de provas não permite considerar mais provas e outras formas de competição. Por exemplo os campeonatos de equipas ao longo do ano, os masters, etc., estão fora de hipótese. 
FG - Descreva um pouco sobre o seu trabalho à frente, da Secção e da ABN quais foram as suas principais ações desde que assumiu os respectivos cargos?
JA - O meu trabalho está disperso pelo CFBG, a Associação de Badminton do Norte, a Escola de Badminton JAporto e os treinos na Universidade do Porto. No CBFG, a secção está formada com o objectivo de criar atletas de competição federados. Na Escola Japorto o espaço está à disposição de quem quer experimentar e praticar Badminton de forma correcta, para desfazer algumas calorias. Na Universidade do Porto tento ensinar as técnicas correctas, aos estudantes e coordeno os atletas universitários, para participarem nas provas universitárias. Em tempos os treinos decorriam dentro da Faculdade de Desporto, que eram mais interessantes pois, proporcionavam uma demonstração das boas práticas aos estudantes que lá andam.
FG - Qual o principal desafio como treinador do CFBG para a época desportiva de 2015 / 2016?
JA - Criar novos atletas com rapidez antes que eles fujam, e tentar que os mais preparados conquistem boas classificações. 
FG - Qual é o diagnóstico que faz sobre o Badminton português?
JA - O Badminton português está numa boa fase desde que os clubes mais estruturados assumiram que a competição no estrangeiro é muito importante. Os resultados internacionais têm sido bons, mostrando que o Badminton está a ser bem formado. 
Temos bons atletas e com futuro para conseguirem dar nas vistas além-fronteiras. 
Em Portugal estamos fechados em nós próprios, com uma visibilidade nula da modalidade, fazendo fugir o pouco capital que ainda se investe. 
FG - Qual será o futuro das Associações Regionais de Badminton, em Portugal?
JA - Se houver espaço para a criação de novos programas de fomento da modalidade, mais categorias e competições regionais, existirá futuro para as Associações. Um jovem ambicioso que esteja a começar e queira competir no futuro, pode começar por fazer Desporto Escolar de borla, e depois ou entra nos Torneios de Divulgação, com o Núcleo Escolar por detrás ou tem de saltar logo para as competições federadas e competir com os melhores. Não existem mais programas intermédios entre o escolar e o federado. 
FG - Que recordações positivas e negativas o marcaram no Badminton?
JA - As recordações positivas foram a trajectória que me propus conquistar no Badminton nacional e que quase o consegui. Outra recordação magnífica foi a de encher uma vez o pavilhão do EVS de público e amigos, para me verem jogar uma final do Torneio Internacional Cidade do Porto, onde cada ponto que fazia a casa vinha a baixo, a apoiar-me. Negativamente só a ingratidão… 
FG - Badminton Escolar, onde os mais qualificados jogadores federados, participantes em provas organizadas pela FPB também disputam, as competições escolares provocando, um grande desequilíbrio competitivo. E se fossem disputados, Campeonatos Nacionais Escolares, distribuídos por dois níveis. Nível A (federados) e nível B (não federados), a disputar no mesmo Pavilhão Desportivo?
JA - Neste ponto o programa dos Torneios de Divulgação está muito mais bem idealizado ao retirar os melhores jogadores destas provas. Em tempos, fui assistir a uma Fase Final Regional de Desporto Escolar e deparei-me com um ambiente idêntico a um zonal quase só com atletas federados a jogarem entre si, com volantes de plástico e com treinadores diferentes. Qual é o sentido disso? 
FG - Para terminar, gostaria de saber o que mais gosta de ler, no Linhas & Finas/ + Badminton e qual a sua avaliação, sobre o blogue?
JA - Já conheço o João Boto há muitos anos e tive-o como parceiro de clube durante algum tempo. O blog presta um serviço de divulgação que até há pouco tempo era único no Badminton nacional, com os seus altos e baixos naturais de quem se expõe a fazer este serviço. 
Este blog tem um serviço importante porque as alternativas informativas são deficitárias. Enquanto a modalidade estiver confinada ao seu mundo, não aparecem patrocinadores, marcas a apostar e a investir e lojas a vender material de Badminton com fartura.
Custa-me ver as lojas desportivas a expandirem os seus espaços de oferta noutras modalidades e no Badminton, que tem um número de praticantes enorme, haver desinvestimento e quase desinteresse. Algo está errado!...

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