Professor Cosme Berenguer
Introdução - O professor Cosme Mendonça Moniz Berenguer, é natural do Monte, possui Licenciatura em Ensino da Matemática, é docente na Escola Básica 123 PE Bartolomeu Perestrelo e exerce as funções de Coordenador/Treinador no CSMA desde 1994. Como atleta, participou na Taça dos Campeões Europeus – Hungria 1990, tendo sido em 2014 Bi-Campeão Nacional de Veteranos. Iniciou a prática da modalidade aos 14 anos e mantém-se no activo até ao momento.
Fernando Gouveia - O Badminton foi escolhido por si como modalidade preferida, porquê?
Cosme Berenguer - Em primeiro lugar, a partir dos 8 anos pratiquei andebol. Só aos 14 anos comecei a jogar Badminton. Desde essa altura passei a praticar as duas modalidades, deixando o andebol aos 38 anos.
FG - Quais os seus planos à frente da CSMA, para a época desportiva de 2015 / 2016?
CB – Relativamente aos planos do CSMA para a época 2015/16, em primeiro lugar é cimentar todo o trabalho efectuado nas camadas jovens. Depois manter a equipa sénior na 1ª divisão, nas várias vertentes (equipas homens, senhoras e mistas).
FG - E relativamente a participações internacionais, o CSMA tem atletas com possibilidades de conseguirem alguns bons resultados e assim atingirem patamares qualitativos de excelência?
CB – Quanto à participação de atletas em provas internacionais, queremos levar alguns atletas da formação a essas provas, proporcionando assim maior experiência a esses atletas. No escalão de seniores, tentaremos levar a atleta Helena Pestana a participar em algumas provas internacionais. Só assim, poderemos atingir um patamar de excelência.
FG - Os badmintonistas da Madeira, quando se deslocam ao Continente, para participarem em competições de âmbito nacional efectuam, um repetido percurso, Funchal, Lisboa e Caldas da Rainha. Qual a sua opinião sobre esta situação?
CB - Para os atletas da Região, o mais importante é competir no Continente, independentemente do lugar. Só assim poderão atingir melhores performances jogando com outros jogadores de âmbito nacional. Relativamente à questão de jogarmos, somente, nas Caldas da Rainha, é de referir que, por vezes, torna-se monótono, mas o pavilhão das Caldas tem excelentes condições para a prática da modalidade.
FG - ABRAM está investir, no Mini-Badminton para crianças, ou será Badminton para adultos em miniatura?
CB - O projecto Mini-Badminton da ABRAM é um projeto credível, futuramente irá trazer muitos jovens para a modalidade. Neste momento, verificamos uma excelente dinâmica por parte da ABRAM no referido projecto. O projecto além de incluir os clubes existentes na RAM, também é aberto a todas as escolas da Região.
FG - De um modo geral como está o apoio ao Badminton do CSMA?
CB - O apoio ao CSMA depende das subvenções públicas. A Direção Regional de Juventude e Desporto tudo tem feito para regularizar a situação. Além desse apoio, também temos tido o apoio da ABRAM, dos pais dos atletas, de um patrocinador, de modo a permitir que os nossos atletas possam deslocar-se às provas.
FG - Uma remodelação no sistema competitivo está a ser necessário, para aumentar a competitividade?
CB – O sistema competitivo em Portugal está estagnado. Por isso, urge uma remodelação. Verificamos que a pirâmide está invertida. Deveria ser nos escalões mais jovens que os atletas deveriam efectuar todas as provas, e se possível em poule. A partir do escalão de sub-17 os atletas apenas deveriam jogar duas provas, de modo a especializarem-se numa vertente do jogo.
FG - Qual a sua opinião sobre a possível ou não participação de atletas portugueses, em futuros Jogos Olímpicos da Juventude?
CB – Ao longo de várias décadas, o badminton português tem demonstrado ter grandes valores na formação. Por isso, acho que temos todas as condições para ter atletas em futuros Jogos Olímpicos da Juventude.
FG - A FPB, com sede em Caldas da Rainha, dispõe de infra-estruturas que a colocam como sendo a mais bem apetrechada das federações nacionais, mas geograficamente está longe de tudo. Qual a sua opinião se fossem criadas duas Delegações, uma no Porto e outra em Lisboa?
CB – A F.P.B tem sem dúvida o melhor CAR da Europa. Por isso, essas infra-estruturas têm de ser rentabilizadas ao máximo. Relativamente à criação de Delegações, acho que poderíamos ter, não somente mais duas, mas sim, uma delegação por zona (Norte, Centro, Sul e Ilhas).
FG - Qual a sua opinião, para a distribuição de clubes por três Zonas Continentais (Norte, Centro e Sul) e duas Insulares (Açores e Madeira) em virtude da existência de poucos clubes filiados?
CB – A distribuição de clubes por zonas, é um modelo que já está esgotado, porque não consegue abranger grande parte das situações dos atletas, ou seja, um atleta que não resida na sua zona, dificilmente poderá jogar os torneios nacionais. Por outro lado, restringe os atletas de poderem jogar as provas de pares, com atletas de outras zonas.
FG - Qual a situação da comunidade escolar relativamente ao badminton madeirense em termos de dinâmica e protocolos?
CB - A comunidade escolar, ao longo dos anos, tem tido por parte da AB6RAM e dos clubes uma grande colaboração, tendo sido inclusive estabelecido protocolos, de modo a permitir a participação dos alunos nas provas regionais. Por outro lado, tem havido, também, a colaboração do Gabinete do Desporto Escolar com os clubes, permitindo a transferência dos melhores atletas para o desporto federado.
FG - Presentemente quantos atletas estão em actividade no CSMA, nomeadamente dos escalões não seniores e quem são os treinadores que os apoiam?
CB - O CSMA tem no presente cerca de 45 jovens nos escalões de formação. Estes jovens são acompanhados pelos técnicos estagiários (Gil Martins, João Nascimento, Helena Pestana, Filipe Ornelas e Marco Gomes).
FG - Perante a instabilidade social e económica vivida presentemente, o caminho para uma desejada “pirâmide”, em que os atletas dos escalões jovens, deveriam ser a grande “aposta”, deixa algumas perspectivas para o futuro da modalidade em Portugal?
CB - O CSMA tudo tem feito para apoiar os atletas da formação, porque achamos que eles serão o futuro da modalidade. É pena verificarmos que a F.P.B tem descorado um pouco a formação. Já há alguns anos que não existem estágios para os escalões mais jovens (sub-11 e sub-13). Assim, dificilmente conseguiremos ter grandes valores no Badminton. Notamos que o trabalho na formação tem sido feito somente pelos clubes intervenientes na modalidade.
FG - O CSMA e outros clubes regionais estão a desenvolver processos de apoio à modalidade em termos materiais e humanos, o que reforça a possibilidade de obtenção de bons resultados no futuro, assim como reforçará a qualidade da formação dos atletas em geral. Pode comentar esta situação?
CB - Na RAM, verificamos uma aposta clara na formação. O CSMA, ao longo destes anos, tem dedicado grande parte do seu trabalho aos escalões de formação. Por isso, neste momento, tem 5 técnicos estagiários a darem total apoio à formação. Só assim, poderemos colher frutos futuramente.
FG - Quais os objectivos a longo prazo do Badminton juvenil madeirense?
CB - O Badminton Juvenil da RAM, tem como principal objectivo levar um ou dois atletas aos Jogos Olímpicos de 2020.
FG - Comparativamente com países europeus de grande dimensão competitiva, Portugal tem ainda um número muito reduzido de atletas federados. Qual será a solução, para que haja uma substancial aderência de novos praticantes?
CB - O aumento de atletas federados terá de passar por uma clara colaboração com o Desporto Escolar. Só assim, poderemos angariar atletas para as competições federadas.
FG - Os treinadores Marco Vasconcelos e Ricardo Fernandes são históricos para a população madeirense. Qual a importância que tem para os jovens atletas devido a serem técnicos, no Brasil e na Suécia e por terem participado em Jogos Olímpicos, como atletas?
CB - Tanto o Ricardo Fernandes como o Marco Vasconcelos são exemplos vivos para os atletas madeirenses. Muitos deles, revêem-se neles. É claro que o Ricardo Fernandes e o Marco Vasconcelos, agora como técnicos, são uma mais valia para a RAM, porque, sempre que podem efectuaram estágios nesta região. Sendo assim, os atletas madeirenses têm oportunidade de aprender algo de novo.
FG - Quais são as maiores dificuldades encontradas para desenvolver seu trabalho, no CSMA?
CB – As maiores dificuldades deparam-se com falta de infraestruturas no Funchal. Apenas temos um pavilhão para a prática da modalidade.
FG - Qual a sua avaliação sobre, o momento actual do Badminton, na Região Autónoma da Madeira e em Portugal Continental?
CB - O Badminton da RAM, neste momento, está a dar um grande passo nos escalões de formação. Através de uma aposta clara no Mini-Badminton, irá angariar novos clubes e atletas para a modalidade. Verificamos que os clubes existentes, também têm feito um notável trabalho nos escalões de formação. Relativamente a Portugal Continental, verificamos que alguns clubes tem feito apostas claras no desenvolvimento da modalidade.
FG - Qual a situação da comunidade escolar em relação ao badminton madeirense?
CB - Ao longo desta época, tem havido um excelente relacionamento entre a comunidade escolar e o Badminton Regional. Verificamos que os alunos das escolas tem participado mais activamente nos torneios regionais.
FG - O objectivo de todos é chegar o mais longe possível, pelo que terá de se percorrer um longo caminho trabalhando muito para se conseguirem determinados objectivos. Já foram alcançados alguns desses objectivos?
CB - O CSMA já alcançou alguns objectivos, nomeadamente aumento de atletas nas camadas jovens, maior número de técnicos nas camadas jovens, maior participação dos nossos atletas em provas nacionais e internacionais.
FG - Sendo o Badminton uma modalidade sem protagonismo em Portugal e também tecnicamente muito difícil e havendo tantas outras modalidades com outra dimensão e visibilidade, qual a razão por na Madeira ter fortes simpatias da comunidade juvenil?
CB - O badminton madeirense, ao longo de várias décadas, sempre conseguiu cativar jovens para a prática da modalidade. Esta integração de jovens na modalidade, deve-se ao facto do trabalho desenvolvido pelos clubes e pela ABRAM ao longo das várias décadas. Por outro lado, ao longo dos anos conseguiu ter três atletas olímpicos, vários atletas campeões nacionais, o que ajuda a cativar jovens para a modalidade.
FG - Qual a sua avaliação, sobre o blog Linhas & Finas/+ Badminton?
CB - Excelente, porque é uma plataforma que divulga toda a informação sobre o Badminton Português e Internacional, dando assim uma maior visibilidade à respectiva modalidade.


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