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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Linhas sem Nó - Rúbrica quinzenal assinada por Luís Neves

Hegemonia da ABRAM

Teve lugar no fim-de-semana passado o 1º Torneio de não seniores, no qual na minha opinião ficou mais uma vez provado a hegemonia do badminton da Madeira em relação ao restante badminton do País, pois com um potencial populacional menor e com a necessidade de vencer as dificuldades que lhe são impostas pela insularidade, conseguiram vencer 10 das 23 provas em disputa. Analisando os resultados dos atletas não seniores da Madeira não se pode dissociar o seu êxito competitivo, daquilo que eu observo nos Torneios onde é notável a competência e organização dos atletas, treinadores e dirigentes, é óbvio que estes resultados não são possíveis sem haver por detrás muito trabalho e sacrifício, seguramente com objectivos bem definidos e com estratégias e consequentes planeamentos bem delineados, mas no meu entender o que será mais importante em todo esse processo é a capacidade associativa que as pessoas da Madeira demonstram em toda esta orgânica, por tudo isto dou os parabéns aos atletas, treinadores e dirigentes da ABRAM, mas principalmente tenho que me congratular por haver uma região do meu País onde se trabalha bem o badminton, sendo sem dúvida um exemplo a seguir pelos restantes.
Se tudo o que enunciei anteriormente é a parte positiva da supremacia da Madeira, no meu entender existe também uma parte negativa, pois independente do bom trabalho que se desenvolve na Madeira, a supremacia só existe e de uma maneira tão vincada fruto do que não se faz, ou se faz menos bem no Portugal Continental e onde além de casos pontuais de alguns clubes (poucos) e alguns atletas, ficam largamente a perder quando em competição directa com a Madeira. Senão vejamos, começando pelo Algarve o que temos? Fracturas, desentendimentos e desunião… Na região da Grande Lisboa, mais do mesmo temos duas Associações que nem se podem ver… Na região centro nem desunião chega a haver pois o que existe é um deserto de ideias e projectos… um pouco mais acima em Coimbra temos um clube que até a pouco tempo foi uma associação, e que por muito mérito que tenha e têm, não passa de sómente um clube… Associação de Aveiro enfim, mais desentendimento e tudo de costas voltadas… Na região do norte para não variar são o espelho do que se passa no restante do Pais Continental…
Concluindo temos no Portugal Continental varias Associações mas não existe capacidade associativa, não existe a capacidade de discutir as diferenças e unir esforços em torno dos objectivos que são e devem ser comuns. Haverá falta de competências dirão uns, falta de condições de trabalho dirão outros, e falta de recursos financeiros acrescentaram alguns, sim mas com certeza, então o que se deve fazer é unir os esforços em redor das competências que existem, trocar experiências aproveitando os recursos financeiros existentes, claro que para isso é preciso pôr para detrás das costas as querelas pessoais e privilegiar o alcançar dos objectivos individuais e colectivos… mas não será isso o que se exige a quem tem responsabilidades directivas seja nos clubes seja nas associações?
Mas será assim tão difícil? Bem parece-me que não, pelo menos se estivermos a falar de Homens e Mulheres de boa vontade…
Por isso aqui fica mais um desafio no sentido de quem estiver interessado no desenvolvimento no badminton pense que esse desenvolvimento só será possível com parcerias com outros clubes e outras associações, até porque a competição desportiva têm como um dos objectivos vencer os outros através da melhoria das nossas capacidades e não fruto das incapacidades dos outros… e o estado geral do badminton do continente não interessa a ninguém…
Luís Neves
PS: ou será que interessa…?

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Amigo Luís Neves,

Está longe de mim questionar ou emitir opinião quanto ao trabalho que é feito em cada clube, ou região, cada um sabe de si, das realidades que enfrenta, dos meios que dispõe, dos apoios que recolhe e das condições que lhes são proporcionadas.
Mas de facto quando se emite opiniões e se compara resultados, o rigor e a verdade dos números deve imperar a bem da sanidade do trabalho que cada um faz.

Ora vejamos, no primeiro torneio Não Seniores, a Região da Madeira em 23 provas segundo a tua opinião, obteve 10 primeiros lugares o que é de realçar, mas o que dizer dos 11 primeiros lugares obtidos pelo Clube da ACD da Che Lagoense? Não foi uma região mas apenas um único clube a obter esses resultados.

No Campeonato Nacional não seniores da época anterior, a região da Madeira esteve ligada a 10 títulos de Campeã Nacional, o Algarve a 12, a ACD da Che Lagoense obteve 8 títulos, o clube que lhe seguiu a CDRP obteve 4, o que dizer destes números?

Faço um convite directo. Que se faça um estudo da última década no que respeita a títulos obtidos (Individuais e Colectivos) nos escalões Não Seniores, assim como ao verdadeiro número de atletas que competiram nessa década e que daí se retire as devidas ilações.

Tenho a convicção de que a realidade e os resultados obtidos pela ACD da Che Lagoense, incomoda alguns e principalmente incomoda, aqueles que se acomodam junto ao poder e que já há muito, deixaram de apresentar resultados desportivos palpáveis mas cujo estatuto reclamam para si na modalidade.

Os tempos de outrora, vão dando lugar a tempos novos, mas essa caminhada não vai ser directa, vai encontrar a todo o instante a resistência do passado que se manifesta nas mais variadas formas, talvez agora e no futuro já aí se venha a manifestar na forma mais evidente possível, é uma questão de paciência. Até à próxima.

Diamantino Ruivinho - CHEL

Luís Neves disse...

Olá amigo Diamantino

Em relação ao seu comentário em que refere os 11 títulos individuais alcançados na 1ª jornada, eu até lhe podia responder que 3 deles (sub-11) foram num escalão em que a Madeira não esteve representada, eu até lhe podia ainda dizer que a CHEL teve nesse fim-de-semana 26 atletas em competição enquanto a Madeira teve somente 19 mas em que todos são praticamente jogadores de 1ª linha, eu podia ainda acrescentar todas as dificuldades logísticas que os atletas, treinadores e dirigentes da Madeira enfrentam nas deslocações ao continente, podia pois tanto os dados que você menciona como os que eu invoco são factos, só que isso não nos levaria ao ponto que para mim é central no meu artigo a (in)capacidade associativa.

A minha afirmação de que a Madeira domina o badminton nacional é minha logo pessoal e subjectiva e portanto sujeita a erro, mas é a minha opinião, por outro lado opinião que eu tenho da CHEL é que é um clube de referência na região do Algarve e no País, e era precisamente na CHEL (entre outros) que eu estava a pensar quando no meu artigo referi “além de casos pontuais de alguns clubes” , no entanto e voltando ao tema que me levou a escrever o artigo O Associativismo, é para mim impossível de escamotear a incapacidade associativa que existe na região do Algarve e no resto do Portugal Continental, sendo para mim também óbvio que o sucesso dos Clubes da região da Madeira se deve em grande parte a essa capacidade associativa, talvez até que essa capacidade tenha sido aguçada pela necessidade.

De quem é a culpa desta aparente incapacidade associativa, não sei…o que eu sei é que no meu entender seria muito mais fácil potenciar todas as capacidades e competências existentes em todos os clubes do continente se existisse uma política geral no sentido de se unirem esforços naquilo que é do interesse comum, isto sem se perder as características individuais de cada clube, até porque a melhor maneira de eu ficar mais forte é ajudar os meus "vizinhos" serem mais fortes.

Por isso caro Diamantino nunca foi minha intenção menosprezar o trabalho da CHEL ou de qualquer outro clube, mas simplesmente chamar a atenção para um facto que para mim é incontestável, a necessidade de unir esforços…

Um abraço
Luís Neves

Anónimo disse...

Amigo Luís Neves,

Reforço a ideia, de que, quando publicamente produzimos afirmações, é necessário estar seguro das mesmas.

Efectivamente a Madeira esteve representada no escalão de sub11, no último Torneio de Não Seniores.

O maior ou menor número de atletas presentes em torneios, ou durante toda uma época, deve no mínimo traduzir o trabalho que cada clube ou região desenvolve.

Mas levando à letra a tua afirmação de que os atletas da Madeira presentes no torneio eram todos da primeira linha (não te esqueças que fazem torneios de apuramento para virem ao Continente), então não devia esta Região só por si, obter mais resultados do que qualquer outra Região ou Clube? Mas não foi isso que aconteceu pois não? Nem tem sido isso que tem acontecido em Campeonatos Nacionais, pois não?

De facto reconhecer o trabalho feito na Madeira, as suas dinâmicas desportivas, os resultados que conseguem é uma obrigação de todos nós e que assim continuem, daí até afirmarmos que dominam o Badminton Nacional vai uma grande distância.

Relativamente às comparações feitas nas deslocações de cada delegação, às provas nacionais, lanço um convite a qualquer dirigente ou treinador de Badminton, a vir ao nosso clube e acompanhar o que é uma deslocação nossa, para então falar das realidades concretas de cada um dos clubes. Às vezes é preciso conhecer e passar no concreto pelas coisas, para se valorizar as realidades.

Bom quanto ao associativismo, então a coisa pia mais fino e a dimensão do assunto requer mais prudência e uma avaliação mais consistente.

Comparar mais uma vez a Madeira com o Continente não serve para nada, nem traduz qualquer realidade segura.

Na Madeira existe uma obrigação imposta pelo Governo Regional, que envolve o problema das deslocações às provas, dos apoios que são prestados e das colocações de técnicos, etc, etc, que tem efeito prático em toda a vivência da modalidade. Isso é bom para os clubes e para o Badminton da Madeira, é verdade, mas não nos pode levar a comparações com o Continente.

Falar do associativismo no Continente, da sua fraqueza, das suas debilidades, das suas diferenças, das suas constantes “guerras”, é falar da essência da fraqueza do Badminton Nacional, que ao longo de décadas vive da divisão e dos interesses instalados.

De facto para que prevaleça a actual realidade do Badminton Nacional, que se vem prolongando no tempo à longos anos, é porque se alimenta de forma sustentada e interesseira, a divisão no seio dos clubes e das associações, só não vê quem não quer, que a actual situação interessa a quem tem dirigido a modalidade e a todos aqueles que querem fazer parte desse bolo.

A legislação que entretanto entrou em vigor, pretende democratizar as estruturas desportivas e relançar novos conceitos, mas todos aqueles que gravitem em torno das actuais estruturas dirigentes, tudo farão para lá continuar, mesmo que o seu trabalho desportivo tenha um relevo menor.

Inverter esta realidade é possível e necessário, se de facto todos os que estiverem disponíveis, iniciarem um trabalho de parceria a todos os níveis.

Por nós estaremos sempre ao dispor e abertos a esse trabalho.


Diamantino Ruivinho
(CHEL)

Luís Neves disse...

Caro Diamantino

Antes de mais quero pedir as minhas desculpas pelo meu erro quando afirmei que não estavam presentes atletas da madeira no escalão de sub-11, mas era a convicção que eu tinha e como para mim não era de todo essa a questão essencial do meu artigo não fui ver (não que sirva de desculpa pelo meu lapso),já que o tema central do meu artigo era e é o Associativismo.

Feito este pedido de desculpas que era devido e depois de reler atentamente tudo o que eu e você escrevemos neste confronto de opiniões, a conclusão que chego é que estamos de acordo em praticamente tudo, e digo praticamente tudo pois de facto não estamos de acordo quanto a quem tem a supremacia do badminton nacional, mas isso para mim é uma questão menor pois não passa de uma análise pessoal e sempre subjectiva, percebendo eu no entanto totalmente a sua posição e os argumentos que a defendem...

mas se me permite eu podia ter feito o meu artigo com o titulo da “Hegemonia da CHEL e da ABRAM” que em nada iria alterar a questão de fundo, que era a de essa hegemonia só ser possível face a ausência de atletas em quantidade e qualidade de outras zonas do País com muito mais potencial populacional e económico, sendo de esperar que os 23 títulos conseguidos fossem distribuídos pelo País e não se concentrassem na CHEL e Madeira, como por exemplo a zona da grande Lisboa, a zona do grande Porto, a região do Vale do Tejo, isto só para mencionar algumas das zonas com maior densidade populacional do País, e portanto daí a minha busca das razões para que isso aconteça, assim como o de tentar indicar o associativismo como uma forma de potenciar o que existe.

Pondo de lado a discussão de quem tem mais ou menos títulos, de quem tem mais ou menos atletas de quem tem mais ou menos condições, e isto independente da glória dos vencedores e da honra dos vencidos a nível desportivo, pois apesar dos títulos conseguidos por quem quer que seja, não podemos escamotear a pobreza competitiva em que o badminton nacional se encontra isto independentemente dos atletas que competem terem todo o mérito e só poderem competir com os que estão presentes.

Mas pondo essa discussão de lado, e desde já sublinhando a sua ultima afirmação que para mim é o mais importante de tudo o que foi escrito até agora:

“Inverter esta realidade é possível e necessário, se de facto todos os que estiverem disponíveis, iniciarem um trabalho de parceria a todos os níveis. Por nós estaremos sempre ao dispor e abertos a esse trabalho.”

Eu deixava no ar algumas perguntas:

- Seria possível a qualidade demonstrada pelos clubes da Madeira sem o desenvolvimento da sua capacidade associativa?

- O que é necessário para existir nos clubes das diferentes regiões do País a iniciativa de estabelecer parcerias com os clubes vizinhos?

- A quem é que interessa o estado actual de divisões internas da modalidade?

- Será que é possível recriar toda uma dinâmica nova com as mentalidades existentes, e chamo a atenção que digo mentalidades e não pessoas?

- Qual o impedimento de em primeira instância, as pessoas com responsabilidades directivas mas de um modo geral todos os agentes da modalidade iniciarem uma discussão aberta sobre o tema Associativismo, e reparem que o associativismo não se esgota na sua forma mais formal, mas também passa por parcerias pontuais, será que a essência do desporto é ou não é a troca de experiências e o convívio aberto e saudável entre as pessoas?

Pois, podia estar aqui o resto do dia a formular questões, mas a grande questão é saber quem é que consegue sair do casulo sociocultural em que se refugia, para responder as mesmas e nesse sentido ajudar ao crescimento do badminton…

Desde já o meu obrigado pela sua paciência para com as minhas opiniões, que pretendem sempre ser construtivas...

um abraço

Anónimo disse...

Amigo Luís Neves,

Ainda bem que não alteraste o título do artigo, não só porque não alterava as questões de fundo, como era completamente dispensável e não servia, como exemplo para a abordagem que pretendeste fazer.

Efectivamente nem os resultados desportivos da Madeira, traduzem qualquer referência sobre o assunto em análise, sendo mais um produto da condição politica da Região, que se reflecte em todas as modalidades desportivas, com condições necessárias para a afirmação dessa Região, como o nosso próprio exemplo, (ACD Chel), não reflecte qualquer avanço ou esforço sobre a matéria que pretendeste estimular com o artigo.

Estes exemplos são tão pontuais, tão particulares e tão específicos, que em nada altera a verdadeira natureza, a essência e a calamidade em que vive a modalidade, as suas estruturas desportivas e organizativas.

Todos deviam estar preocupados com este naufrágio da modalidade, em que um ou outro tripulante teve a sorte de encontrar a “Bóia de Salvação” e chegar a terra para sobreviver desta ou daquela forma.

Quanto às questões colocadas no teu último texto permite-me o seguinte:

1 – Quanto à primeira pergunta por ser tão especifica e particular e envolvendo a Madeira, devolvo a resposta com outra questão: Se não existissem as condições politicas e logísticas que são colocadas ao serviço dos agentes desportivos da região com regras já predefinidas o resultado seria o mesmo?

2 – Para que existam parcerias apenas é necessário vontade, mais vontade, associada a um espírito desportivo disponível para a parceria e para o trabalho conjunto.

3 – O estado actual interessa aos dirigentes desportivos que na última década têm dirigido a modalidade e a todos aqueles, que gravitam à sua vontade e por lá querem continuar

4 – É possível recriar novas atitudes porque na modalidade, para além da mentalidades e de pessoas (acrescento eu) pouco saudáveis, existe o seu inverso e valores referenciais, que importa estimular e ter na devida conta.

5 – Nada impede às pessoas e às mentalidades saudáveis e com valor, que iniciem um novo trabalho e um percurso de trabalho conjunto. A barreira a esse novo percurso é o acomodamento que vai imperando.

Reforço a ideia e a disponibilidade do nosso clube, para participar nas iniciativas de boa vontade, para que apareçam e se reforcem novos canais de colaboração e de trabalho no seio da modalidade.

Diamantino Ruivinho (CHEL)