Provavelmente já muitos de nós sentimos na pele certas injustiças por decisões que não compreendemos e que dificilmente teriam explicação de quem as toma. Muitas das vezes até nem são os responsáveis por essa ou aquela área, mas alguém que estando do outro lado move influencias nunca dando a cara. Comigo essa situação já se passou por diversas vezes.
O caso Érica Glória traz-me à memória uma dessas situações vivida há 22 anos atrás e de como se cometem injustiças levando ao abandono muitas vezes de atletas promissores na modalidade.
Não esqueçamos que um atleta não é só para jogar singulares. Pode até ser um jogador mediano em singulares mas ser muito bom em pares.
Paula Nunes era minha atleta (RCMora) e estava num ano particularmente de grande evolução e competia na altura com jogadores como Dalila Belém com quem fazia pares, e com as madeirenses Érica Camacho e Sara Gonçalves. Eram na época as melhores atletas a competir no escalão júnior.
Nesse sentido, Paula Nunes mereceu com todo o mérito uma chamada à selecção nacional. Foi para mim um grande orgulho, visto ser a primeira atleta formada no RCMora a ter essa honra.
Lembro-me que o estágio de 15 dias comportava 2 encontros com a selecção de Espanha, com visita dos espanhóis a Portugal e uma semana depois seria a vez de Portugal ir até terras de Espanha. O primeiro encontro decorreu em Portugal ainda no antiguinho Pavilhão Rainha D. Leonor e a Paula Nunes lá fez a sua estreia como internacional.
Até aqui tudo normal, não lembro se perdemos ou vencemos, pois neste caso o resultado é o que menos importa.
O que se passou a seguir é que não foi normal. Estava á espera de noticias de Paula Nunes de Espanha, mas qual não foi o meu espanto quando recebo um telefonema da FPB, uma sexta-feira de tarde, a comunicar-me que teria de ir buscar a minha atleta à sede da FPB, já que tinha ficado nas Caldas, não seguindo viagem com a restante comitiva. Perguntei se estava tudo bem com a atleta, se estava lesionada, outro motivo de saúde, mas a resposta foi simplesmente, tem de a vir buscar antes do encerramento dos serviços. Eu trabalhei até ás 16H30 e lá fiz Mora/Caldas da Rainha para recolher a minha atleta. Sabem qual foi o motivo porque a minha atleta Paula Nunes ficou em terra?
A carrinha onde se iam deslocar para Espanha, era de 9 lugares, logo se o seleccionar fosse o condutor, teriam lugar os 4 rapazes e as 4 raparigas para competirem em Espanha, mas e tem sempre um mas, o seleccionador não quis conduzir. Assim teve de viajar um outro elemento, funcionário da FPB, como condutor e como não havia espaço para os 8 atletas apenas puderam viajar 7.... e de fora ficou quem? pois a minha atleta Paula Nunes.
A história não é igual, mas é parecida... Temos viagem a Espanha, não de carrinha, mas de avião, temos os mesmos 7 atletas... a preterida também foi do sexo feminino... resta saber se alguém ou quem vai ocupar o lugar do "8º Passageiro"...
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