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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

7 em Linha – Entrevista com Marco Vasconcelos um madeirense técnico da selecção brasileira de badminton

Marco Vasconcelos é actualmente o treinador da selecção brasileira de badminton, com contrato até 2016, e com o objectivo bem definido em colocar atletas brasileiros nas olimpíadas do Rio’2016. Como atleta, o madeirense foi diversas vezes campeão nacional absoluto, quer em singulares  quer em pares, conseguindo ainda diversos títulos nacionais por equipas. Como atleta do UDSantana conseguiu para Portugal a melhor classificação de sempre de uma equipa portuguesa do Europeu de Clubes (3º lugar). Marco Vasconcelos é também dos poucos atletas do Mundo que participaram em 3 Olimpíadas consecutivas (Sidney’2000, Atenas’2004 e Pequim’2008. Um curriculum invejável de um Treinador, que neste momento se encontra milhares de quilómetros longe da família. 



Linhas&Finas/+badminton – Sabendo que preserva e muito a família, como têm sido conciliar a sua estada no Brasil e ter a família a quilómetros de distância?
Marco Vasconcelos  – Deixar a minha família para trás, foi o maior teste a minha capacidade de sofrimento que alguma vez passei. Lembro que quando sai pela primeira vez de casa rumo ao Brasil (Março de 2013), o meu corpo termia, meus olhos se enchiam de lágrimas, e o meu desespero era enorme, cheguei a pensar em não entrar no avião em Lisboa com destino ao Brasil, mas Deus deu-me forças e eu vim.
Mas cada viagem que faço para visitar a minha família, tudo acontece de novo, não é fácil, é uma batalha que travo todos os dias ficar longe da minha família.
Todos os dias falo com todos, com a Tânia (esposa) falo várias vezes ao dia, com o Hugo e Laura, apenas uma vez por dia, e ao fim de semana com todos os membros da família, isto quando não estou em competição.
Sem o apoio deles, nunca poderia estar a fazer o que faço, sem eles nada acontece, eles são a minha fonte de inspiração o meu pilhar.
No entanto quero informar os leitores do Linhas e Finas/+badminton, que atletas, equipa técnica, e direcção da Federação do Brasil, me receberam de braços abertos e fazem todos os possíveis para que os meus dias sejam parecidos aos que quando estou em casa. Todos me acarinham e confiam no meu potencial como técnico, todos os dias tentam saber como estou e não deixam faltar nada ao meu projecto. Sinto que sou acarinhado e apoiado ao mais alto nível pela direcção e pelos atletas. A receptividade de toda a comunidade do badminton em relação a minha pessoa, é enorme, sinto-me como estivesse em casa. Sinto que aqui tenho a minha segunda família.


 2 – L&F/+b – Apesar de tudo, acha que a aposta de treinar a selecção do Brasil, foi ou está a ser o maior desafio desportivo da sua vida?
M.VSem dúvida que foi e está a ser o maior desafio da minha vida, estou a crescer como pessoa e técnico. Lembro-me que, quando vim para o Brasil, pensava muito como seria treinar uma selecção adulta, o que iria ter pela frente, os desafios do dia a dia, enfim várias coisas me passavam pela cabeça, mas pensei positivo e graças a Deus está a correr tudo bem.
3 – L&/+b - O Marco Vasconcelos esteve vários anos como treinador dos sub17/sub19  e posteriormente como principal treinador da selecção sénior de Portugal! Que diferenças encontra entre o jogador português e o brasileiro?
M.V – Na verdade quando cheguei ao Brasil, encontrei um badminton diferente ao de Portugal, os atletas tinham dificuldades em quase todas as áreas, mas foi na técnica que encontrei a maior diferença.
Os atletas Portugueses são mais fortes nessa área. Mas ao fim de quase dois anos de trabalho no Brasil, considero que os atletas Brasileiros evoluíram e hoje se sentem mais confortáveis e preparados, posso até dizer que nas camadas mais jovens, o Brasil, tem já um leque de atletas com um grande potencial o que se prevê um futuro muito promissor na nossa modalidade, isto tudo fruto do trabalho que os clubes têm feito nos últimos anos.
4 – L&/+b – E que diferença encontra entre a Federação Brasileira e a Portuguesa?

M.VComo todos nós sabemos, o Brasil será sede dos Jogos Olímpicos 2016, e só por isso tem havido um grande investimento em todas as modalidades por parte do Governo do Brasil, investimento esse que vai até 2020, e não só até 2016. Aqui tudo funciona por resultados, e não por participação, todo o dinheiro que é dado para a selecção tem que ser investido na selecção, não pode ser gasto em outras áreas, tudo é programado e cumprido. Essa é uma das diferenças, lembro que quando comecei com as selecções nacionais, fizemos um projecto e que foi cumprido na integra, nada faltou aos atletas portugueses, os resultados apareceram, e nem por isso as selecções tiveram mais apoio, pelo contrario, no último ano em que trabalhei na Federação, as selecções sofreram um grande corte nos apoios, o que deitou por água a baixo todo o nosso projecto.
Sei que a culpa não foi da Federação, mas devíamos ter apoiado mais os nossos jovens, até porque hoje vemos grandes resultados dos mesmos, e tenho a certeza que o caminho é esse.

Outra das diferenças, está no centro de treino (CAR) e no projecto de atletas residentes. Aqui no nosso centro de treino que está sediado na cidade de Campinas, tem 13 atletas, todos estudam, vivem e treinam aqui, e temos atletas do Rio, São Paulo, do Sul e Norte, ou seja, todos aceitaram estar aqui, claro que o projecto foi montado ao pormenor, com certeza que tem falhas, mas só de ter todos os atletas a treinar no mesmo sitio, faz uma grande diferença no trabalho, seja ele individual ou por grupo.
Sendo o CT (CAR) das Caldas da Rainha o melhor da Europa e um grande investimento, ao qual eu sempre disse muito bem, e continuo a dizer, devia ter um sistema parecido ou então igual, deviam ter apostado em atletas residentes, sei que o momento não é o ideal, mas às vezes é melhor ter 4 atletas masculinos e 4 femininos a treinar, estudar e viver no mesmo espaço com um trabalho controlado, do que os mandar jogar torneios sem estar preparados, e esse sim seria um investimento com futuro, mas tenho a certeza que a Federação tem nos seus projectos, ter uma selecção residente, e que mais tarde ou mais cedo irá realizar.
É claro que estas diferenças existem agora, no presente, mas no passado Portugal tinha muito mais condições do que tinha o Brasil, são os tempos.
5 – L&F/+b – Daniel Paiola, actualmente o melhor jogador brasileiro em singulares, foi uma aposta sua ainda em Portugal. Actualmente a selecção brasileira já conta vários “Paiolas”, como a Fabiana Silva ou as manas “Lohaynny Vicente/Luana Vicente”. Sente-se  como verdadeiro  “Pai” da grande revolução que se deu na selecção canarinha?
M.V  - Para quem não conhece a historia do Daniel Paiola, deixo aqui um pouco de como tudo aconteceu. Fui contatado em 2008 por um amigo brasileiro, tendo ele me pedido para eu treinar um miúdo que tinha 18 anos, e perguntando-me quanto queria eu de salário. Eu disse que não queria nada e que recebia o miúdo na Madeira, ele apenas teria de pagar a sua alimentação e estadia (apartamento). Decidi ajudar o Daniel Paiola , porque achei a sua historia interessante tal como o seu interesse pelo badminton, e assim começou tudo, por isso a aposta foi dele, e o desafio meu.
Neste momento a selecção do Brasil é composta por vários "Paiolas", todos eles com uma historia, um sonho, e eu estou aqui para os ajudar.
Sinto que a evolução dos atletas, deu-se pelo facto de eles acreditarem no meu trabalho, confiarem e por sentirem que estou aqui para os ajudar. Não me considero um pai, mas sim um técnico que tudo faz para ver os seus atletas crescerem todos os dias. Sinto que este grupo, tem um forte potencial, e que todos juntos podemos fazer um grande trabalho.
Todo o trabalhado realizado até agora, tem sido feito em equipa, e não só pelo Marco Vasconcelos. Tenho comigo todos os dias, um preparador físico, um fisioterapeuta, um medico, um psicólogo, um coordenador técnico e um Diretor técnico. Todos trabalhamos em conjunto para o resultado final seja o sucesso. Seria da minha parte um egoísmo muito grande dizer que o trabalho era só meu.
6  – L&/+ – Desde que chegou à selecção brasileira, já foram várias as medalhas conquistadas, quer em juniores, quer nos seniores nos “Pan Americanos”, já para não falar no numero significativo de atletas que apurou para o último Campeonato do Mundo. Este ano esteve perto de discutir o titulo Pan Americano. Como “comandante” da selecção brasileira acha possível chegar à medalha de Ouro por equipas, ou conquistar algum titulo individual?
 M.VVerdade, pela primeira vez quase que o Brasil estava numa final do Pan-Americano por equipas, foi um quase, mas se calhar não era a hora, vamos continuar a trabalhar para que os erros cometidos neste Pan-Am, não sejam cometidos no próximo, para que o Brasil chegue numa final.
Nós temos o Pan-Am do badminton que é realizado todos os anos, onde disputamos o torneios por equipas e o individual, e depois temos , o Pan-Am que se realiza de quatro em quatro anos. No Pan-Am que se realiza todos os anos, desde 2012, que temos sido medalha de bronze, e nos individuais, temos conquistado várias medalhas ao longos destes 2 anos, mas o objetivo principal são os Jogos Pan-Am de 2015, onde apenas se joga o individual, e onde o Brasil apenas conquistou duas medalhas: Rio 2007, medalha bronze nos pares homens e México 2011, medalha de bronze nos singulares homens. Para estes jogos queremos mais medalhas, e se possível mudar a cor.
Sinto que podemos chegar ao ouro no Pan-Am que se realiza todos os anos, seja por equipas, ou em algumas disciplinas no individual, tal como no Pan-Am do ano que vem (Toronto 2015).
Acredito em mim e nos jogadores que eu treino, somos capazes, e vamos trabalhar para isso.
7 – L&F/+b - Depois dos Jogos Olímpicos Rio’2016 pensa regressar a Portugal? Se sim, o Marco tem como objectivo voltar a treinar a selecção nacional de Portugal?
M.VA minha intenção é um dia voltar a Portugal, se será em 2016, 2020 ou 2024, eu não sei, na vida tudo pode acontecer, hoje estou aqui no Brasil, amanhã posso estar em Portugal, mas se depender de mim, quero levar este projeto até 2016 (ou 2020), depois vejo o que vou decidir da minha vida.
Quando saí da selecção Portuguesa, senti um vazio dentro de mim, senti que não tinha feito nada pelo badminton Português como técnico e por isso tenho em mente um dia voltar a selecção para dar continuidade ao trabalho que não acabei, aliás, fazer um melhor trabalho, porque nós temos todas as condições para ter uma grande equipa. Nós temos os técnicos (todos juntos, não só o Marco), atletas, pavilhão (CAR), enfim temos tudo o que precisamos para ser uma potência Europeia, mas falta investimento, e dizer sim, nós queremos........





Para finalizar esta minha entrevista, quero agradecer ao Linhas e Finas na qualidade do seu Editor, Sr. João Boto a oportunidade que me deu de falar sobre o meu trabalho, e de uma forma geral falar de tudo, muito obrigado do fundo do coração, e espero que continue a divulgar tudo o que se faz de bom e mau no badminton do nosso país e não só.

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