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domingo, 29 de dezembro de 2013

Entrevista de Ricardo Fernandes ao Jornal on-line madeirense Madeira Sports

Ricardo Fernandes, um madeirense com grandes resultados dentro e fora das linhas do court.

Como jogador, quais são os resultados desportivos que mais se orgulha de ter alcançado?
Foram vários os resultados desportivos que me orgulho de ter alcançado durante a minha carreira como jogador e como é natural é difícil enumerá-los a todos, mas, obviamente que a qualificação para os Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 (singulares e pares homens), foi o ponto mais alto da minha carreira. Para além da presença nos Jogos Olímpicos de Barcelona, gostaria de referir a conquista da medalha de ouro alcançada em 3 torneios internacionais, nomeadamente, em Hungria (1989), Gibraltar (1991) e Espanha (1996) em singulares homens e Eslovénia em pares homens. Gostaria de destacar também as medalhas de prata alcançadas em singulares homens nos torneios internacionais de Israel (1991), Toulouse (1995), Espanha (1995) e Equador (2007) e as medalhas de pratas alcançadas a pares homens em Israel (1991), Gibraltar (1991), Bulgária (1995), Portugal (1997) e Itália (2002), os 4 títulos Ibéricos conquistados em singulares e pares homens e os vários títulos de campeão nacional de não seniores (5 títulos de singulares e pares homens) e seniores (5 títulos em singulares homens e 7 em pares homens) e, em especial, o primeiro título de campeão nacional de seniores conquistado em 1989 com apenas 16 anos de idade. Em Juniores a nível internacional, referência para a medalha de bronze conquistada no campeonato da Europa de Juniores em pares homens. Para finalizar, gostaria de salientar que representei a selecção nacional por mais de 250 vezes, participei em 6 campeonatos do Mundo individuais, 5 campeonatos da Europa individuais, 6 campeonatos dos Mundo de equipas homens e 5 de equipas mistas e 8 campeonatos da Europa de equipas mistas e 7 taças dos clubes campeões europeus de clubes.
Como aconteceu a passagem para o papel de treinador? Foi algo que sempre esteve nos seus planos?
A passagem para o papel de treinador esteve desde muito cedo nos meus planos, pois, quando era jovem sempre ambicionei trabalhar na área do Desporto, ser professor de Educação Física e treinador. A minha vida sempre foi ligada ao Desporto, desde os meus 7 anos de idade até aos dias de hoje. A minha ambição e vontade de continuar ligado ao fenómeno desportivo após a minha carreira como jogador era tão grande que decidi escolher no meu percurso escolar na área A que estava vocacionada para a área de saúde e desporto. Iniciei-me como treinador quando ainda era jogador aos 25 anos começando a treinar outros atletas mais novos. Nessa altura, entrei para o curso de Educação Física e Desporto na Universidade de Motricidade Humana em Lisboa e mais tarde pedi transferência para a Universidade da Madeira onde vim a concluir o curso em 2002. A minha vontade em adquirir mais conhecimentos era tão grande que decidi, então, continuar a minha formação entrando desta feita para o curso de Mestrado em Ciência do Desporto na Universidade da Madeira em 2006 concluindo o mesmo em 2008. Portanto, eu desde muito cedo sempre tive o “sonho” de ser um profissional ligado à área do desporto, o que felizmente veio a acontecer.
No seu entender, é mais fácil ser jogador ou treinador? Quais as principais diferenças?
No Desporto quando uma equipa ou atleta perde ou faz resultados menos positivos a culpa acaba quase sempre por ser atribuída ao treinador, isto é um facto… No entanto, ambas as funções de atleta e treinador têm o seu grau de dificuldade, mas, por experiência própria a função de treinador acaba por ser mais exigente por várias razões. … O treinador deve ter não só formação na área do Badminton, com também, bons conhecimentos em diferentes áreas científicas como por exemplo área das Ciências dos Desporto e Psicologia. O treinador tem de fazer todo o planeamento da época dos atletas, orientar os atletas nos treinos e nos torneios e ter a capacidade de saber gerir personalidades, comportamentos e atitudes diversas e ajudar a resolver muitas vezes problemas ao nível psicológico que afetam o rendimento dos atletas. A responsabilidade do treinador abrange um raio de ação enorme e não se baseia apenas nas horas que são passadas no espaço de treino e jogo, pois, muitas horas são dedicadas ao planeamento e na procura de novas estratégias e metodologias de treino. Por outro lado, o treinador é o elo de ligação entre os atletas e a direção do clube, Centro de rendimento ou federação, sendo, como é óbvio, o principal responsável pela área técnica e gestão dos atletas. Nos treinos e na competição, muitas vezes o treinador acaba de ser uma espécie de “bombeiro” pois tem de gerir vários atletas ao mesmo tempo em competição e quando vários jogadores estão a jogar ao mesmo tempo existe um natural aumento da pressão e stress no treinador, pois, é muito difícil observar 4 ou 5 jogos ao mesmo tempo e depois conseguir passar aos atletas as tácticas/estratégias de jogo ou “feedbacks” adequados às diferentes situações de jogo. O treinador passa horas de pé nos treinos e nos torneios, enquanto, os atletas quando em ação estão em atividade/movimento “divertindo-se” fazendo aquilo que mais gostam. O jogador obviamente que também tem um desgaste assinalável ao nível físico e mental, mas, apenas concentra-se em si próprio e em melhorar nas diferentes áreas. É certo que o jogador tem de fazer sacrifícios para atingir um nível alto, mas, é algo mais individualizado, enquanto, que o treinador tem de gerir os atletas, treinos, torneios, reuniões, etc. Na minha opinião e tendo em conta a minha experiência, posso dizer que é muito mais divertido ser atleta do que ser treinador, embora também goste imenso da função de treinador.
Em modo geral, quais são as características que deve ter um bom jogador de badminton?
Um jogador de Badminton de alto nível tem de ter uma boa capacidade técnica baseada na qualidade da execução dos gestos técnicos, boa capacidade táctica relacionada com a habilidade de um jogador tomar rápidas e boas decisões em relação à escolha dos batimentos a executar no jogo e também uma boa percepção de jogo (leitura de jogo), boa capacidade física no que respeita a uma boa capacidade aeróbica e anaeróbica geral, boa capacidade mental e ter um estilo de vida adequado às exigências do alto rendimento, tendo muita atenção em relação à nutrição e processos de recuperação (descanso).
O badminton que praticou enquanto jogador e aquele que aborda enquanto treinador é diferente? De que forma evoluiu o jogo?
Eu, felizmente tive a felicidade de praticar a modalidade durante duas últimas gerações. A principal diferença entre essas duas gerações foi sem dúvida a mudança no sistema de pontuação ocorrida em 2006. O anterior sistema de pontuação em que consistia que um jogo fosse jogado ao melhor de 3 sets até 15 pontos e com extensão de pontos aos 18 se o jogo empatasse aos 13 igual ou 17 no caso de ter havido um empate aos 14 igual, neste caso, para serem obtidos pontos era obrigatório o jogador ter servido e ganho a jogada. O sistema mais recente e atual, baseado num sistema de pontuação directo até aos 21 pontos com possível extensão de pontos caso haja um empate aos 20 igual e no qual um jogador para vencer o jogo tem de obter uma vantagem de dois pontos ou então, caso isso não seja possível, chegar primeiro aos 30 pontos, ou seja, os pontos são obtidos independentemente de o jogador ter servido ou não. Tendo em conta estes dois sistemas de pontuação, na minha opinião, o jogo no sistema de pontuação antigo era mais físico e um pouco mais lento. No actual sistema de pontuação houve uma evolução na velocidade do jogo, pois, os jogadores hoje em dia são mais rápidos e têm uma maior capacidade explosiva. A nível tático e mental também houve uma notável evolução. Em termos táticos existe uma melhor qualidade da tomada de decisão, ou seja, seleção dos batimentos a executar e em relação ao nível mental nota-se que no geral os jogadores conseguem atingir níveis mais altos de concentração durante o jogo. Para além disso, verificou-se um melhoramento ao nível do planeamento dos treinos que, naturalmente está ligado ao facto de hoje em dia os treinadores terem mais e melhores conhecimentos científicos e também a melhores condições de trabalho e consequentemente instrumentos de trabalho ao seu dispor, como, por exemplo os meios tecnológicos.
Tendo em conta realidade do badminton nacional e internacional, quais considera serem as principais diferenças?
A formação dos treinadores é uma das diferenças mais significativas entre o badminton nacional e internacional. Por outro lado as condições de treino oferecidas, os apoios e facilidades de treino que os jogadores a nível internacional têm, nomeadamente, um bom sistema de coordenação entre as horas de treino e os horários dos atletas na escola e ou Universidade, permitindo assim, que os atletas possam conciliar os treino com as aulas sem que nenhuma das áreas saia prejudicada. A dinâmica, forma de gestão e organização dos clubes e federações e os conhecimentos dos diretores sobre a modalidade são outros dos factores que diferem entre o badminton nacional e internacional para além do maior número de atletas a praticar a modalidade.
Quais são os desafios de um jovem federado madeirense que sonhe com resultados de nível internacional?
Poderia referir muitas coisas, mas, essencialmente esse jovem tem de possuir uma boa habilidade técnica, capacidade táctica, mental, física e ter um estilo de vida adequado ao alto rendimento atribuindo uma particular atenção à alimentação e à recuperação (descanso). Esse atleta terá de trabalhar muitas horas por semana e deve focar-se sempre num trabalho de qualidade, possuir uma forte mentalidade, boa atitude/comportamento, ser empenhado/dedicado aos treinos e tudo o que poderá afectar o seu rendimento, fazer sacrifícios, ter humildade, capacidade de sofrimento, disciplina e ser persistente.
Aconselharia a prática do Badmington a um jovem? Que argumentos usaria?
O Badminton é das poucas modalidades em que o objecto de jogo não é uma bola, mas sim o volante feito de cortiça e penas de Ganso, logo uma modalidade bem diferente e muito divertida pois é possível fazer batimentos com diferentes efeitos no volante! É a modalidade dos desportos de raquete mais rápida do Mundo e uma modalidade que é considerada umas das mais completas em termos de atividade física pelo fato de serem utilizadas na prática desta modalidade todos os membros do corpo humano e praticamente todos os músculos do corpo humano. O Badminton solicita, por outro lado, a utilização das diferentes capacidades físicas tais como a capacidade Aeróbia, Anaeróbia, Mental e Física. É uma modalidade classificada no top 4 como uma das modalidades com maior exigência física. O Badminton é classificado com uma modalidade de confrontação direta no qual o contacto físico não existe e de esforço intermitente, sendo de fato uma excelente atividade física para se queimar calorias, pois, a modalidade exige um consumo calórico apreciável.
A nível mental, pelo fato de os jogadores necessitarem de altos índices de concentração, pois, as jogadas são rápidas e o volante atinge elevadas velocidades e, ao mesmo tempo, os jogadores têm de ser criativos realizando jogadas de forma a conseguirem desequilibrar o adversário no campo com o objectivo de criar um “buraco” no campo para ganhar o ponto. No Badminton os jogadores tentam pensar as jogadas antecipadamente e normalmente pensam um ou dois batimentos à frente em relação ao batimento que executam no momento, um pouco como acontece em outras modalidades de estratégia como por exemplo no jogo do Xadrez e Damas.

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