
Quando foi feito, com um custo que ultrapassou os quatro milhões de euros, colocou-se a questão se o CARB iria ter uma utilização que justificasse o investimento dedicando-se em exclusivo ao badminton. Luís Carvalho diz que essa ideia está posta de parte, pelo menos da parte da FPB. “Se não tivéssemos este centro um estágio como este não seria possível fazer, assim como ter semanalmente a trabalhar, desde que o centro foi aberto, atletas de Lisboa e de Leiria”. A palavra tem passado também no estrangeiro e já foram vários os atletas que solicitaram o espaço caldense para realizar o seu trabalho. “Já há uma lista de pessoas a querer vir e é bom porque as pessoas pagam a sua diária para cá estar, tirando os países que vêm ao abrigo de protocolos específicos com intercâmbios”, acrescenta.
Há também o objectivo de o CARB ser certificado no mais curto espaço de tempo possível pela federação europeia, “o que nos vai dar uma pujança muito grande”, sustenta.
O Secretário Técnico da FPB relembra também que o CARB foi construído com verbas que estavam destinadas para a construção de CAR’s. “Se não fosse para o badminton seria para outra modalidade, nós já tínhamos uma estrutura montada antes e credibilidade para merecer o investimento que foi feito”, considera. Quanto ao investimento que a autarquia também acabou por fazer, “se calhar também se pensou que podia ser mais um recinto para servir as colectividades”, acrescenta o Secretário Técnico, o que até pode nem estar posto de parte, mas sublinha que “sendo um centro de alto rendimento de badminton a gestão desportiva do espaço não pode fugir da modalidade, sob o risco de não podermos realizar um determinado estágio porque está ocupado com um jogo de voleibol”.
De qualquer modo, a utilização do espaço por outras modalidades não é descabida, “as instalações que aqui estão podem ser rentabilizadas para outras coisas”, até porque “neste momento o badminton não ocupa todas as valências do CARB, estamos numa posição de indefinição em relação a isso”.
Atletas universitários têm que fazer um esforço
Um dos problemas que se colocam na relação entre os atletas e o CARB é que, por norma, quando os atletas atingem uma idade crucial na definição do que pode ou não fazer em termos de alta competição, surge a universidade e não existe no parque universitário das Caldas uma oferta completa, o que acaba por desviar os praticantes para outras cidades. Luís Carvalho não considera isto propriamente um problema, até porque a distância para Leiria, Santarém e Lisboa não é propriamente grande, mas para os que optam por estudar mais longe há alternativas que se podem estudar. “Temos um atleta a estudar no Algarve, se calhar não pode estar durante a semana mas pode com facilidade de horário cumprir sexta, sábado e domingo de treino, tem que se fazer um trabalho integrado em que cada um tem que dar uma parte”.
Obra ainda está por concluir
Apesar de já estar a carburar a um ritmo forte, há ainda várias indefinições em relação à gestão do CARB e também obras por concluir. De resto, a obra ainda não foi entregue pelo construtor. “Estamos num limbo de indefinição que enquanto durar é mau para toda a gente, há coisas que já podiam estar resolvidas, como a questão da cedência do restaurante e da sala de musculação”, avança Luís Carvalho. Depois, a própria obra não está ainda entregue. “Tem pequenos defeitos que têm que ser corrigidos, há estruturas que não estão a ser 100 por cento aproveitadas por isso”, revela o Secretário Técnico da FPB, e salas que ainda têm a parede em betão, caso da sala de fisioterapia.
Jogadores madeirenses interessados no regime de internato
De entre os atletas a realizar o estágio de pré-época encontrámos dois dos candidatos a ‘estrear’ o regime de internato no CARB. Teresa Figueira é uma delas. Ainda é Sub 19, mas já aspira a resultados nos seniores e um trabalho mais afinco realizado no centro poderá abrir-lhe novas portas. “Já recebi a proposta, a federação dá alimentação, estadia e suporta os estudos, a família concorda e em princípio venho para cá na próxima época”, adianta. Os benefícios saltam à vista, “as infra-estruturas são excelentes, dos melhores da Europa e isso em Portugal não é comum. O Tom é um treinador bastante exigente, já levou dois atletas ingleses a ganhar o All England, que é dos melhores torneios que existe, alguns consideram melhor que os Jogos Olímpicos, e gosto de treinar com ele”. O regime de internato obrigaria a atleta a mudar bastante a sua vida, “mas quem gosta de badminton e quer ser alguém na modalidade tem que fazer estes sacrifícios”, sublinha. Na mesma onda navega António Gonçalves, ainda sub 17. Os objectivos de se tornar um dos jogadores mais fortes do país no seu escalão e projectar o futuro criam-lhe o mesmo desejo de abraçar a modalidade a tempo inteiro no CARB. “Aqui posso treinar mais, tenho melhores condições de treino, na Madeira treino poucas vezes porque não tenho treinador, assim poderia evoluir mais e atingir os meus objectivos”.
Fonte: Gazeta das Caldas
Sem comentários:
Enviar um comentário