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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Entrevista com...Prof. Rui Costa conduzida pelo Prof. Fernando Gouveia

Entrevista com…
Professor Rui Costa

Introdução - O professor Rui Costa, treinador do Clube Desportivo Preparatório Escolar de Capelas, é natural de Ponta Delgada, onde reside.
É Professor de Educação Física desde 1997 e lecciona na Escola Básica Integrada de Capelas, no Concelho de Ponta Delgada e é o Presidente da Direcção Associação de Badminton de São Miguel.

Fernando Gouveia - Como e porque foi introduzido o Badminton nos Açores?
Rui Costa - Convém antes explicar que a minha formação de base nada teve a ver com Badminton e que só aos 22 anos, numa das cadeiras leccionadas na faculdade pelo professor António Crespo, é que tive o primeiro contacto com o Badminton.
Quando iniciei o meu percurso como docente, verifiquei que, invariavelmente, os alunos gostavam de Badminton e, desde essa altura, considerava estranho não haver uma associação e competição oficial em São Miguel, ou mesmo nas restantes ilhas.
Mas só passados 8 anos, quando conheci um dos meus cunhados, que também gostava de Badminton, por ter praticado por lazer nos tempos livres da sua actividade profissional, é que começámos a conversar sobre o assunto e decidimos avançar para uma Associação.
FG - A Associação de Badminton de São Miguel nos Açores comemorou recentemente 10 anos de existência. Quais as futuras perspectivas a médio e a longo prazo, para o desenvolvimento da modalidade?
RC - Recentemente a ABSM iniciou uma nova etapa, apostando de forma clara e objetiva na iniciação à modalidade com crianças do 1º ciclo de escolaridade.
Por isso, os objetivos a curto prazo passam por esse projeto, que deverá levar-nos ao nível seguinte a longo prazo.
FG - Quais os planos da ABSM para a época desportiva de 2015 / 2016?
RC - Estamos empenhados em dar as melhores condições possíveis aos nossos clubes, para que possam realizar um trabalho de qualidade.
Para além dos Zonais Seniores e Não Seniores, teremos os Torneios de Clubes Não Seniores e gostaríamos de ter uma boa adesão dos clubes do Continente e Madeira ao nosso 3º Torneio de Clubes NS. Todos receberam o convite oficialmente e anunciámos duas parcerias que podem fazer toda a diferença, nomeadamente ao nível do alojamento e alimentação, com preços muito acessíveis a qualquer bolsa, para além da possibilidade de viajarem nas low-cost, tanto a partir de Lisboa, como do Porto e com vários horários diários.
Paralelamente, estamos a desenvolver todos os esforços para proporcionar visitas aos mais emblemáticos pontos de interesse turístico de São Miguel.
Claro que a vertente competitiva é muito importante para o desenvolvimento dos nossos atletas que, na grande maioria, não tem possibilidades de jogar com os melhores atletas portugueses. Essa tem sido uma excelente oportunidade para que isso seja possível.
Pretendemos também participar no Campeonato Nacional de Seniores e Não Seniores, bem como no Campeonato Nacional de Equipas Seniores Masculinas.
FG - Como está o apoio do Governo Regional à ABSM?
RC - Os apoios da Direcção Regional do Desporto caíram 40% pelas razões sobejamente conhecidas. Mesmo assim, temos a sorte de ter esse apoio.
É uma mais-valia, mas o valor atribuído para as competições nacionais é calculado em função do número de federados na época anterior, que corresponde a 4% desse número, o que é manifestamente insuficiente, já que nos permite participar apenas nas competições que referi anteriormente, com alguma “ginástica” financeira e aproveitando os preços mais em conta das companhias low-cost para as passagens aéreas.
Com essa verba, é-nos impossível competir no Circuito Nacional.
Mesmo assim, temos clubes, atletas e encarregados de educação que estão a trabalhar no sentido de encontrarem formas de participar em algumas etapas do Circuito Nacional, organizando-se para financiarem as suas deslocações, o que é uma oportunidade de colmatar um evidente défice de participações nacionais, que potenciam a evolução dos atletas.
FG - Descreva um pouco sobre, o seu trabalho referente à ABSM? Quais foram as suas principais acções?
RC - Desde o início que tive que fazer um pouco de tudo.
Inicialmente éramos apenas dois a trabalhar.
Começámos por pintar campos, que era uma das principais lacunas, já que havia apenas 15 campos, distribuídos por cerca de 20 pavilhões, de forma avulsa e sem qualquer utilização.
Passados 10 anos, já pintámos mais de 120 campos e quase todos os pavilhões têm uma média de 6 campos, preparados para as aulas de Educação Física e alguns para torneios.
Tivemos que “lutar” contra os preconceitos para nos deixarem fazer esse trabalho. Mesmo assim, muitos deles só foram autorizados no formato de singulares, porque a quantidade de linhas foi sempre um problema para desbloquear.
Organizámos vários cursos de treinadores, com o apoio da FPB e da DRD.
Contudo, poucos foram aqueles que abraçaram a modalidade, já que o curso tinha a dupla valência de curso de treinadores e formação de professores, o que levou muitos a concluir o curso, mas ficando-se apenas pelos créditos obrigatórios para o seu currículo.
Ficaram poucos, que estão a fazer o que podem em prol do Badminton.
Têm sido três as linhas orientadoras da ABSM. A formação de treinadores/professores e a marcação de campos, que referi anteriormente, e a promoção da modalidade.
Nesta última, o trabalho tem sido permanente, porque é necessário ir além da simples apresentação da modalidade às crianças. Há também um trabalho paralelo de desmistificação perante os próprios pais que, muitas vezes, não deixam os filhos praticar Badminton porque têm uma “lavagem cerebral” que lhes foi incutida desde há várias gerações e que todos nós conhecemos bem. Qual de nós nunca ouviu comentários desagradáveis sobre a modalidade?
Para além desse trabalho, há todo um processo burocrático que tem que ser feito. Não é o que mais me agrada, mas é necessário.
FG - O objectivo de todos é chegar o mais longe possível, pelo que terá de se percorrer um longo caminho trabalhando muito para se conseguirem determinados objectivos. Já foram alcançados alguns desses objectivos?
RC - Os nossos objectivos são traçados de forma coerente e de acordo com o panorama do Badminton em São Miguel.
Não podemos ser muito ambiciosos e temos que ir devagar, porque não temos acesso fácil a um dos principais pilares de desenvolvimento de qualquer modalidade – a competição e competitividade, que potencia a evolução.
Dou o exemplo do nosso melhor atleta, o Alexandre Cabral. Sempre que vai ao Campeonato Nacional, não tem um único jogo ao seu nível durante toda a época. Que ritmo competitivo tem esse atleta? Que confiança tem quando sabe que vai jogar contra atletas que fizeram 5 zonais, 3 torneios de clube e 5 etapas do circuito nacional, seniores e não seniores e mais uns quantos torneios internacionais, sempre com jogos com elevados níveis de dificuldade?
Muito faz ele para tanta diferença.
Mas considero que o nível tem vindo a melhorar, com algumas oscilações normais.
Não posso comparar com o início, há 10 anos, porque não há comparação possível.
FG - Qual a situação do Desporto Escolar relativamente ao Badminton nos Arquipélago dos Açores e na Ilha de São Miguel?
RC - O Desporto Escolar nos Açores não tem as mesmas características do Desporto Escolar no continente e desconheço como se processa particularmente o Badminton nesse âmbito. Mas nos Açores não existe, apesar do projecto das Escolinhas do Desporto poder ser considerado escolar, só que apenas no 1º ciclo e sob a supervisão da ABSM.
FG - Qual a sua opinião se os Torneios Zonais e Nacionais fossem realizados em duas fases, a 1ª Fase por grupos e em “poule” e a 2ª Fase, por eliminação à 1º derrota?
RC - Não podia estar mais de acordo, se estivermos a falar dos escalões de formação, desde os sub-11 aos sub-19.
Seja nos Zonais, seja nos Nacionais, os atletas da formação têm que jogar. Não é benéfico para um atleta em formação ser eliminado à 1ª derrota.
Há quem defenda que o desporto é assim. Que não é agradável. Que é assim que aprendem.
Se o argumento for só esse, eu não partilho dessa ideologia. Muito menos em Portugal, onde existem alguns bons atletas e depois todos os outros, com uma considerável diferença na evolução, quando todos sabem (ou deviam saber), que nos escalões de formação, aquele que hoje é o melhor, amanhã poderá não sê-lo, fruto da maturação individual, que é diferente em cada um. Por isso, há que dar oportunidades para crescerem.
A divulgação da modalidade nas escolas, principalmente no 1ºciclo, resulta sempre. Aproveite-se o novo programa da BWF - Shuttle Time e acredito que trará grandes benefícios.
Como se costuma dizer, as crianças “comem” os que lhes dão. Eles adoram raquetes e é nessas idades que a aposta deve ser mais incisiva. Diria mesmo “agressiva”, para podermos estar à frente da concorrência feroz de tanta oferta desportiva e de outras áreas.
A aposta na transmissão de grandes eventos, tanto nos canais generalistas, como nos da especialidade, poderia fazer toda a diferença. Veja-se a recente situação do Ténis de Mesa.
É certamente dispendioso, mas não valerá a pena?
A questão da inexistência de um grande patrocinador é um handicap para o Badminton.
Penso que também poderá ser uma mais-valia o aproveitamento dos excelentes resultados da Telma Santos e do Pedro Martins nos torneios internacionais e, se tudo correr como todos esperamos, a participação nos Jogos Olímpicos deve ser “usada” de forma prioritária como promoção. Eles próprios são uma mais-valia para o Badminton, desde que se queira tirar partido disso. Mas sem nos ficarmos apenas pela transmissão televisiva do momento.
Por isso, considero que a promoção e formação, sob diversas formas, são as principais linhas orientadoras para tentar alterar esse estado de coisas.
FG - Qual a sua opinião para a distribuição de clubes por três Zonas Continentais (Norte, Centro e Sul) e duas Insulares (Açores e Madeira) em virtude da existência de poucos clubes filiados?
RC - Essa é a forma mais usual em diversas modalidades. Mas não sei até que ponto os clubes em Portugal têm condições para poderem abranger áreas tão amplas em cada zona, sempre que se realizar um zonal.
Como desconheço a realidade de cada clube, prefiro não opinar.
No que aos Açores diz respeito, e como já referi, por enquanto, o formato atual não nos traz qualquer problema, a não ser que um dia tenhamos várias ilhas em competição.
FG - Perante a instabilidade social e económica vivida presentemente, o caminho para uma desejada “pirâmide”, em que os atletas dos escalões jovens deveriam ser a grande “aposta”, deixa algumas perspectivas para o futuro da modalidade em Portugal?
RC - Quanto a mim, o único caminho para o desenvolvimento do Badminton, ou de qualquer outra modalidade, passa obrigatoriamente pelos mais jovens, tão jovens quanto possível e devem ser criadas condições para que assim seja.
Coloquem uma raquete na mão de uma criança de qualquer idade, seja com um volante ou um balão, numa actividade controlada e direccionada para a respectiva idade e vão ganhar um atleta.
Em toda a cadeia hierárquica das entidades desportivas que constituem uma modalidade, só existimos se existirem atletas.
FG - Qual a sua proposta para melhorar a imagem do Badminton nos Açores?
RC- Desde há 10 anos que estamos a tratar disso.
Infelizmente não tem sido tão rápido como gostaríamos, mas antes devagar e bem, do que depressa e mal.
Temos tido altos e baixos, alturas em que apetece atirar a toalha ao chão, outras em que nos faz repensar e ganhar forças para continuar.
Como referi anteriormente, temos apostado na promoção e formação, para além de termos sido obrigados a dotar os pavilhões de condições mínimas para a prática do Badminton.
A promoção nas escolas tem que ser uma prioridade permanente, bom como a formação contínua dos treinadores.
É também necessário estarmos mais perto da Comunicação Social e dos Encarregados de Educação e utilizarmos formas de marketing, como aconteceu recentemente com o outdoor que colocámos durante um mês na rua e da nova imagem da nossa carrinha.
Estamos a ponderar outras formas de promoção, como seja a publicação mensal de uma página num jornal de maior tiragem da região, a distribuição de flyers, através dos CTT, em todas as caixas de correio de habitações em São Miguel e a prestação de serviços para turistas que pretendam jogar de forma pontual durante a sua estadia, aliás como aconteceu recentemente, a partir de um contato de um turista holandês, que o fez por iniciativa própria, depois de ver o nosso outdoor.
FG - Quais são as maiores dificuldades encontradas para desenvolver a modalidade em São Miguel?
RC - A falta de pavilhões disponíveis é uma das principais dificuldades, principalmente em Ponta Delgada. Nas localidades da periferia já existe mais alguma oferta de espaços, apesar de não ser a que mais desejamos.
Seria necessário um pavilhão onde pudéssemos iniciar os treinos com os mais jovens logo após terminarem as aulas do 1ºciclo e podermos dar continuidade com os escalões mais velhos, até à noite.
Existe uma sobrelotação dos pavilhões, que têm que ser distribuídos por diversas modalidades.
Resolvido esse problema, seriam necessários mais alguns treinadores com experiência.
Fora de Ponta Delgada, acresce o problema da distância entre freguesias, fora do perímetro razoável do pavilhão mais próximo e de uma mentalidade de muitos pais, em que o desporto não é prioritário, sendo o primeiro a ser retirado, quando querem aplicar um castigo aos filhos.
Também torna-se difícil “competir” com algumas modalidades, que disponibilizam transporte gratuito para os seus atletas.
FG - Qual a sua avaliação sobre, o momento actual do Badminton, na Região Autónoma dos Açores, na Região Autónoma da Madeira e em Portugal Continental?
RC - Prefiro não tecer comentários em relação ao que se passa no Continente e Madeira, até porque desconheço as dificuldades por que passam os clubes e que trabalho fazem em prol do Badminton.
FG - Em São Miguel já estão a aparecer alguns talentos? 
RC - A espaços tem aparecido alguns atletas com grande potencial e tenho a certeza que temos muitos mais, que esperamos vir a descobrir e ter oportunidade de trabalhar para que, um dia, possam jogar de igual para igual com os atletas do Continente e Madeira.
Mas sem competição, torna-se mais difícil.
FG - Qual o papel do desporto na formação de crianças e jovens?
RC - A importância do desporto é sobejamente conhecida e estudada, em qualquer faixa etária e pode assumir inúmeras formas, consoante a pessoa e a situação em que se insere.
FG - Na época de 2014 / 2015 quantos atletas por escalão a Associação de Badminton S. Miguel inscreveu, na Federação Portuguesa de Badminton?
RC - Um total de 521, dos quais mais de 50% representam o projeto “Escolinhas do Desporto”, promovido pela Direção Regional do Desporto e que não competem em termos formais.
São crianças até aos 10 anos que usufruem de 1 ou 2 horas semanais de atividades desenvolvidas por Monitores, na própria escola onde estudam que, na maioria das vezes, não têm as condições mínimas para o fazer.
Mas acabamos por necessitar da sua filiação, porque a tipologia de apoios por parte da Direção Regional do Desporto e que está legislada, é calculada em função desse número.
FG - O que mais gosta de ler, no Linhas & Finas + Badminton e qual a sua avaliação sobre o blog?
RC - Leio quando posso e considero que está a ser feito um excelente trabalho informativo sobre o Badminton nacional.
FG - No momento em que se está a tentar desenvolver o Mini-Badminton, o que será necessário para melhorar a capacidade de sensibilização, das crianças, pais, clubes e entidades organizadoras de competições, para crianças nos Açores?
RC - Esse trabalho já está a ser feito no âmbito das Escolinhas do Desporto.
As Escolinhas do Desporto são um projeto comparticipado pela Direção Regional do Desporto, para crianças do 1º ciclo de escolaridade e desenvolvido nas próprias escolas, por treinadores ou monitores.
Quatro vezes por época, são organizados Encontros com os núcleos de cada zona, onde as crianças executam exercícios por estações e jogos de Mini-Badminton, divididos em 3 escalões e com regras adaptadas.
Oferecemos t-shirts, medalhas e, em algumas zonas mais carenciadas, um pequeno lanche.
Brevemente serão também distribuídos diplomas de participação.
Iniciámos recentemente um formato que nos permite identificar atletas com capacidades coordenativas mais evoluídas, tentando captá-los para os núcleos de iniciação à competição.
FG - E se fosse realizado anualmente, um Encontro de Mini-Badminton com crianças das diversas ilhas Açoreanas?
RC - Não seria possível, porque, como expliquei, ainda só existe Badminton em São Miguel e Santa Maria, sendo que, nesta última, não têm Mini-Badminton.
Se um dia houvesse Badminton em mais algumas ilhas, presumo que também não seria possível, devido aos elevados custos que acarretaria, já que não é, por enquanto, um formato
apoiado pela Direcção Regional do Desporto, no que diz respeito a Encontros Regionais de Mini-Badminton.
Mas, se houvesse essa possibilidade, seria uma excelente iniciativa.
FG - Qual a sua opinião sobre o Badminton Escolar, no Continente?
RC - Sei que o Desporto Escolar no Continente está organizado, mas desconheço como se processa o Badminton nesse particular, por isso não lhe sei responder.

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