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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Entrevista com...Prof. Emanuel Pereira conduzida por Fernando Gouveia

Entrevista com...
Prof. Emanuel Pereira

Introdução - O professor Emanuel Pereira, treinador do Núcleo Sportinguista de Tires é natural de Lisboa, licenciado em Educação Física e é o Coordenador do Desporto Escolar, na Escola Secundária Matilde Rosa Araújo, onde lecciona.

Fernando Gouveia - Quando começou a interessar-se pelo desporto e porquê?
Eduardo Pereira - O meu interesse pela actividade física e pelo desporto começa cedo, cerca dos dez anos de idade, quando iniciei os primeiros passos de vida desportiva, através da prática de Badminton no Grupo Dramático e Sportivo de Cascais.
FG - Como nasceu o NST? e porque foi criado? 
EP - A Secção de Badminton do NST, surge na sequência do bom desempenho dos alunos do Agrupamento de Escolas Matilde Rosa Araújo, a nível do Desporto Escolar e dos Torneios de Divulgação, organização pela ABDLS. A proposta foi feita aos praticantes, a quem agradou a ideia de acederem a mais altos níveis de prática da modalidade. O acolhimento de diversas colectividades da comunidade envolvente à escola, foi um facto. Diversas estavam interessadas em aderir ao projecto, tendo recaído a escolha no NST, por sugestão da Câmara Municipal de Cascais, instituição com a qual se mantinham diversas parcerias à data e até hoje.
FG - Qual a sua opinião, se a distribuição geográfica no Continente fosse organizada, pela Zona Norte (Distritos Aveiro, Braga e Porto), Zona Centro (Distritos de Coimbra, Castelo Branco e Leiria) e Zona Sul (Distritos de Faro, Lisboa e Setúbal?
EP - Discordo. Uma vez que entendo que a resposta para com a desequilibrada representação geográfica da modalidade, não passa, por esta proposta. Mas por envolver as regiões com insuficiente expressão geográfica da modalidade, em outras formas de competição que não as existentes. Isto sem prejuízo, do trabalho que historicamente já foi realizado em zonas do país como, Lisboa, Coimbra, Peniche/Caldas, Espinho/Aveiro, Braga/Porto.
FG - E se cada uma dessas Zonas fosse coordenada, por uma Comissão Delegada, constituída por três elementos, um de cada distrito? 
EP - Na minha opinião a “questão” não importa ser colocada em quem lideraria o “processo” de aglutinação geográfica dos praticantes da modalidade. A questão está à data, na forma como se tem que assegurar a transferência do enorme número de praticantes do Desporto Escolar para a vertente federada. O número é tão grande que é um desperdício, continuar a focar a energia em alternativas diversas, em vez de assegurar a continuidade, a uma experiencia positiva, a milhares de jovens que escolhem anualmente o Badminton, como a “sua” modalidade.
FG - Uma remodelação no sistema competitivo está a ser necessário, para aumentar a competitividade?
EP - Para mim, não repito como minha “frase” o teor desta questão. Antes, importa identificar claramente e sem preconceitos, o que se reconhece como importante alterar nas formas de competição existentes. Diversos agentes, sentem diversas necessidades, porque se encontram hoje em patamares diferentes de evolução no seio de uma modalidade com uma expressão significativa junto da população escolar. Fechar os olhos a isto, continuará a ser um “tiro nos pés”. As alterações são sempre bem vindas, quando por um tempo bem definido e com o conhecimento de todos os intervenientes, são executadas, são aplicados estudos aos resultados dessa aplicação, é debatido o processo e os resultados obtidos face aos objectivos que se pretendiam alcançar. Fundamentalmente, só há mais e melhor competitividade, quando mais e melhores jogadores e melhores acedem em pé de igualdade a todos os patamares desportivos criados.
FG - Será necessário para a evolução dos atletas mais jovens competirem em diversos torneios no estrangeiro?
EP - Embora ache importante, entendo que não estamos já nesse nível de desenvolvimento. Optaria por aumentar e muito o número e qualidade dos praticantes, a nível nacional, deixando esse passo, para os mais apetrechados financeiramente (o que não acontece com a maioria esmagadora dos clubes/praticantes/associações).
FG - A participação de atletas portugueses, em futuros Jogos Olímpicos da Juventude seria positiva, para captar muitos mais atletas?
EP - Penso que seria mais vantajoso (a exemplo do que se verificou com diversas outras modalidades), potenciar os enormes resultados desportivos que os nossos actuais “ídolos”, já obtiveram “lá fora”. Esses valores podem ser apoiados, em consonância com iniciativas promocionais da modalidade a nível desportivo e escolar, valorizando a imagem da modalidade e a identificação dos jovens com as actuais “estrelas” do Badminton.
FG - Comparativamente com países europeus de grande dimensão competitiva, Portugal com um número tão reduzido de jogadores federados, qual seria o caminho a seguir para conseguirmos um maior equilíbrio competitivo em termos internacional?
EP - Como referi anteriormente, Temos que aumentar muito (dez vezes pelo menos) o número de jogadores federados, para aspirar outra dimensão desportiva em termos internacionais. Tal aposta não deverá chocar nunca com a aposta nos valores que sempre aparecem anualmente em todas as modalidades.
FG - E qual a sua proposta para melhorar a imagem do Badminton português?
EP - Como referi anteriormente, devem ser usados os valores já existentes na modalidade, bem como os exemplos diversos que timidamente se dão aqui e ali, na modalidade. Falo em termos de promoção da imagem dos jogadores através da promoção de marcas de material desportivo. Mas também cito, o nome dos clubes e associações desportivas, como agentes educativos fundamentais, quando aliados a formas de ensino/lazer, com recurso ao Badminton, como linguagem, para comunicar o espirito desportivo, a ética, o empenho/esforço, o trabalho continuado, etc.
FG - Que importância para a modalidade a existência de Centros de Treino ou Academias?
EP - Tais níveis de prática, também a exemplo do que já acontece em outras modalidades, devem no meu parecer, não excluir a iniciativa privada e quem opta por escolher esse caminho. Porém, entendo que o investimento público nestas formas articuladas de trabalho junto dos jovens, dão sempre lucro. Devem ser inclusivas, apoiar os melhores e mais interessados de acordo com critérios claros, que promovam o trabalho sério e continuado (factor que assegura o retorno desportivo dos investimentos). Regularmente (anualmente) devem ser prestadas contas dos investimentos e dos resultados obtidos.
FG - Como é possível identificar talentos desportivos ainda na infância? Quanto tempo é preciso para formar um atleta de nível competitivo internacional?
EP - Os indicadores são demasiado fúteis, quando devem confrontados com as opções de vida das crianças/jovens/famílias, para que acima de tudo possam reunir condições para terem um futuro “feliz”.
FG - Qual o papel do desporto na formação de uma criança?
EP - Com outras áreas do conhecimento e da nossa vida, é fundamental em algumas idades e menos fundamental em outras. Para mim, deve ser um investimento prioritário nas mais tenras idades.
FG - O que devem fazer os pais quando percebem que seus filhos possuem talento ?
EP - Induzi-los a escolherem a prática regular de uma modalidade da preferência dos filhos e não dos pais. Ainda assim, raramente os pais e encarregados de educação possuem as capacidades necessárias para identificarem um talento. Estão normalmente habilitados a reconhecerem, apenas, que os seus educandos conseguem executar uma ou outra habilidade técnica/táctica daquela modalidade (com melhor reconhecimento, nas modalidades que os pais praticaram). Hoje, os indicadores estão disponíveis atá para se saber se o jovem tem condições de acesso aos mais elevados níveis de resultados desportivos. Daí a que os filhos tenham o tal de talento, demora e é um processo invariavelmente doloroso de percorrer.
FG - Como as crianças enfrentam a derrota?
EP - Cada uma à sua medida. Mas quanto mais cedo a enfrentarem melhor. A vida, e a vida desportiva convive diariamente com ela. Em cada momento de competição, o vencedor só o é, enquanto possuir um adversário que naquele momento, e só nesse momento, foi o derrotado. O futuro é rico em alterações deste cenário. Não faltam exemplos a usar, para enquadrar junto do jovem, um momento menos feliz.
FG - Como tirar de uma criança a tristeza da derrota?
EP - Relativizar o resultado desportivo face ao desempenho técnico e táctico. Salientar os aspectos positivos (que sempre deverão existir) do desempenho da criança. Conduzir as sensações negativas, para o empenho no próximo momento de actividade desportiva (treino/jogo). Se no limite, não se identificam quaisquer aspectos positivos, sublinhe-se a necessidade de mudança de atitudes/comportamentos, comparando, por exemplo, o que aconteceu, com algum aspecto da vida não desportiva.
FG - Quais são os erros mais comuns dos pais frente à formação desportiva dos seus filhos?
EP - Não estão presentes. Logo não sabem do que se passa. Logo, não conseguem falar/comunicar sobre o que se passa. Logo, o seu desempenho fica desajustado no tempo e nas oportunidades de ter um significado, que na minha opinião, o jovem sempre espera que os pais tenham. A palavra de um pai/mãe presente, tem um valor inestimável, uma vez que pode acumular importância com as demais referências que o mesmo transmite ao respectivo jovem.
FG - A FPB, com sede em Caldas da Rainha, dispõe de infra-estruturas que a colocam como sendo a mais bem apetrechada das federações nacionais, mas geograficamente está longe de tudo. Qual a sua opinião se fossem criadas duas Delegações, uma no Porto e outra em Lisboa?
EP - Não entendo como se considera aquela estrutura “longe de Tudo”. Por certo não se reconhece como adequada a existência de uma estrutura daquelas dimensões em muitos mais locais do país, quando não se consegue alterar o número de praticantes regulares e federados da modalidade, faz tempo. Primeiro os “resultados” depois as “recompensas”.
FG - Se fossem efectuados, por Zona seis Torneios, nos escalões de Sub-13, Sub-15 e Sub-17 apurando os melhores para os Campeonatos Nacionais Individuais, algum benefício poderia trazer para melhorar a competição?
EP - Gastar-se-ia menos dinheiro a nível local (jogar-se-ia mais em cada local e menos deslocações se fariam). Não entendo a vantagem dos praticantes de Sub-19 não estarem presentes e junto dos mais jovens (perdendo-se a oportunidade de os mesmos servirem de referência àqueles). Reconheço como vantajoso que os atletas do escalão de Sub-11, poderem seguir um modelo competitivo como o referido, embora prefira a realização de múltiplos convívios locais/ regionais/ inter-regionais com um carácter competitivo, muito dissipado. Não são os jovens de onze anos que precisam de ser campeões (os pais deles?). Eles precisam de chegar e sair felizes do maior número de provas possíveis, essa deve ser a prioridade.
FG - O NST já tem atletas com possibilidades de conseguirem alguns bons resultados e assim atingirem patamares qualitativos de excelência?
EP - Sim e esta época foi sinónimo dos melhores resultados até hoje alcançados.
FG - Na época de 2014 / 2015 quantos atletas por escalão, o NST manteve em actividade competitiva e quantas unidades de treinos efectuaram por semana? 
EP - Sub-11 – 4; Sub-13- 5; Sub-15 - 3; Sub-17 - 3; Sub-19 - 6; Seniores - 5. Entre quatro e cnico unidades de treino por semana.
FG - Quais os objectivos do Badminton do NST, para a época desportiva 2015 / 2016?
EP - Consolidar os resultados e objectivos alcançados. Aumentar o número de praticantes federados ou não, sobretudo ao nível etário mais baixo.
FG - A diferença do badminton português e espanhol é naturalmente grande. Onde se acentuam as grandes diferenças?
EP - Não sei o suficiente para emitir opinião sobre esta matéria.
FG - As Associações Regionais de Badminton, no Continente estão, com poucas ou nenhumas condições, para o desenvolvimento da modalidade. O que fazer para ultrapassar esta situação?
EP - A associação deve ser um agente desportivo que resulta da associação (como o próprio nome sugere/indica) dos outros agentes desportivos (clubes, por exemplo). Se os demais agentes desportivos não agem, não se justifica a existência das associações regionais. As condições são aquelas que todos sabemos, mas mesmo com ovos pequenos podemos fazer omeletas.
FG - Qual a sua avaliação, sobre o blogue Linhas & Finas/ + Badminton?
EP - Óptimo agente de divulgação da modalidade. As eventuais falhas decorrem do facto de ser uma iniciativa privada, com escassos meios de trabalho.
FG - No momento em que se está a desenvolver o Mini-Badminton, o que será necessário para melhorar a capacidade de sensibilização, das crianças, pais, clubes e entidades organizadoras de competições, para crianças?
EP - Os jovens devem fundamentalmente estar presentes nos eventos. Os clubes devem interagir com os professores, para que estes compareçam nestes eventos, bem como progressivamente os seus alunos. Os clubes devem entender que esta vertente/alternativa de expressão da modalidade, não é, por princípio, um espaço de competição (logo as “entidades organizadoras de competições” para crianças, não devem liderar estas iniciativas, sob pene de confundir objectivos e consequências das mesmas).
FG - Badminton Escolar, onde os mais qualificados jogadores federados, participantes em provas organizadas pela FPB também disputam, as competições escolares provocando, um grande desequilíbrio competitivo. E se fossem disputados, Campeonatos Nacionais Escolares, distribuídos por dois níveis. Nível A (federados) e nível B (não federados), a disputar no mesmo Pavilhão Desportivo?
EP - O local de competição só é fundamental neste universo, na medida em que os jovens menos evoluídos presenciam a prática de jovens mais evoluídos. Se se entende o desporto escolar, enquanto tal os jovens devem em algum momento competir em igualdade de circunstâncias (em conjunto os federados e os não federados). 
Ninguém separa os alunos que sabiam ler aos cinco anos dos que não sabiam, quando da realização de um exame do ensino secundário. Sabe-se quanta informação os primeiros sabem a mais relativamente aos segundos. Isso não garante o resultado escolar por princípio, mas ajuda mesmo muito. Com o desporto (reflexo do que se passa no resto da vida) é semelhante, e na minha opinião, devem procurar-se soluções inclusivas e não que promovam acções que conduzam à marginalização/discriminação dos jovens.

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