Joana Lopes
Introdução - Joana Lopes, atleta da Associação Académica de Espinho, natural de Cascais nascida a 13-06-1997 e residente em Tires completou o 11º ano. Joana Lopes, na época desportiva de 2014 / 2015 ficou ordenado, no "Ranking Nacional / Sub-19", no 3ª lugar em Singulares Femininos, em 1º lugar nos Pares Femininos, com a sua colega Gabriela Pereira e no 9º lugar em Pares Mistos, com Bernardo Atilano (NGD).
Fernando Gouveia - Desde quando praticas e o que gostas mais no Badminton?
Joana Lopes - Comecei a jogar Badminton, porque o meu irmão também jogava, não era federado, apenas fazia alguns torneios de Desporto Escolar, fui assim ganhando o gosto pela modalidade que já pratico há cerca de 5 anos. Para além das competições e o jogo em si, dentro de campo, admiro bastante as amizade, que se formam neste desporto, gosto imenso do convívio durante os torneios e a forma como os atletas se apoiem entre si.
FG - O que é para ti, o Badminton?
JL - O Badminton começou para mim como um passa tempo, neste momento faz parte da minha rotina diária. Para além de ser mais do que um mero desporto para mim, é também uma forma de libertar energias e abstrair-me quando preciso.
FG - Consegues conciliar bem a escola e a actividade desportiva?
JL - Nem sempre é fácil conciliar, mas há que fazer esforços e saber gerir horários. A minha prioridade neste momento é a escola, não nos podemos basear no badminton e tentar fazer dele o nosso futuro, acho que é bastante difícil no nosso país, por mais que gostemos de o praticar. Como é óbvio, há dias em que não posso ir ao treino, porque preciso de estudar ou preparar trabalhos, mas claro, para que isso não aconteça muitas vezes não deixo o estudo acumular até ao último dia. Acho que é importante saber conciliar e ter horários de estudo, podemos fazer ambas as coisas ao mesmo tempo, se conseguirmos ser organizados.
FG - Como vês o teu futuro no Badminton?
JL - Tendo em conta o final da época passada e todas as divergências que ocorreram durante a mesma, espero que a próxima época corra muito melhor. Não acho que o Badminton seja o meu futuro, mas é algo que vou continuar a praticar e tentar sempre estar em contacto. Não prevejo um grande futuro nisto, por mais que goste de jogar vai haver uma altura em que vou ter, que o colocar de parte e dar prioridade a certas coisas. Como é óbvio, gostaria imenso de ser uma grande jogadora, e espero que isso venha a acontecer.
FG - Quando e porquê ingressas-te na AAE?
JL - Ingressei na Académica de Espinho, na época de 2014/15, por convite do dirigente, Dr. Augusto Ínsua Pereira. Já era familiarizada com o clube, pois na época passada jogava pares com uma atleta do mesmo. Por passarmos bastante tempo juntos e já ter uma boa relação, surgiu-me uma proposta de ir jogar pela AAE, que aceitei com todo o gosto e agradeço mais uma vez a ajuda que o clube me ofereceu.
FG - Desde quando praticas Badminton e em que clubes ?
JL - Comecei a jogar Badminton, em Sub-15 no Núcleo Sportinguista de Tires durante 2 anos. No meu primeiro ano de Sub-17 fui convidada para jogar pelo Colégio Amor de Deus, que representei durante um ano, apenas. No ano seguinte, formou-se o Clube Académico de Odivelas, que também me fez um convite para ingressar, no clube. Por fim, finalizei a época passada pela Académica de Espinho.
FG - Qual o teu grande sonho como atleta?
JL - Não vou dizer que o meu sonho é poder ir ao Jogos Olímpicos, pois tenho a noção que é bastante difícil. Posso dizer que adorava chegar ao nível de algumas jogadoras portuguesas, tentar fazer do badminton um desporto mais conhecido e disputar grandes torneios lá fora. Acho que o nível, mais nas senhoras, tem vindo a diminuir e gostava de fazer parte do grupo oposto.
FG - Sentes que é importante para a carreira, o bom relacionamento, com os treinadores?
JL - Acho que é essencial a relação entre treinador-atleta, não há ninguém que conheça tão bem e perceba realmente certos sentimentos como eles, que passaram pelo mesmo e sabem exactamente o que dizer e fazer por nós. No meu caso, sinto-me bastante agradecida aos meus treinadores e pessoas que trabalharam anteriormente comigo, por toda a dedicação, esforço e empenho, que tiveram comigo desde que jogo Badminton, por nunca me terem deixado desistir e terem acreditado, que podia sempre fazer mais e melhor, por me fazerem ver que vale a pena todo o sofrimento e que ”não consigo” não consta no nosso vocabulário. Por toda a ajuda que me deram e continuam a dar, por acreditarem em mim mais do que eu própria. Acho que para além de treinadores, tornam-se nossos amigos, dentro e fora de campo, em quem podemos confiar e desabafar quando precisamos, aconselham-nos e ajudam-nos a escolher, o que é melhor para nós. É preciso ter sempre um ombro amigo, porque nem sempre as coisas vão correr bem, e se há alguém que estará lá para nós são eles, com as palavras milagrosas, que nos vão fazer perceber que não é o fim do mundo ou que para a próxima corre melhor.
FG - Quem é Joana Lopes, como pessoa?
JL - Como pessoa sou uma rapariga humilde, trabalhadora e amiga, também pouco passiva e muito nervosa. Quando faço as coisas gosto, que sejam feitas como deve de ser.
FG – Sentes-te muito ansioso antes das competições? Tens algum ritual ou superstição?
JL - Sinto-me sempre bastante ansiosa antes das competições, muitas vezes nem vejo o calendário logo, porque sei que fico a remoer durante a semana toda, acabo por ver um ou dois dias antes, para além de que fico muito nervosa antes de cada jogo, independentemente das adversárias serem melhores ou piores do que eu. Acho que até é uma coisa boa, pois assim não nos sentimos demasiado á vontade e estarmos sempre com um pé atrás não faz mal nenhum, pois podemos ser sempre surpreendidas quando menos esperamos. Estarmos muito relaxadas não nos permite encarar o jogo como devemos, ás vezes um bom primeiro jogo numa primeira ronda faz diferença para o resto do torneio.
FG - E o que gostavas de ser em termos profissionais?
JL - Bem, ainda não sei ao certo, gostava de ser fisioterapeuta ou então nutricionista, são coisas de que sempre gostei e me mantêm ligadas ao desporto, ou então alguma coisa relacionada com a saúde.
FG - E porque escolheste o Badminton?
JL - Escolhi o Badminton, porque é um desporto muito mais difícil do que aparenta, toda a gente que fala em Badminton pensa, que é um desporto fácil de jogar, pois é praticado na escola e não têm completa noção do que realmente é. É um desporto com várias componentes, quer psicológica, táctica, física ou técnica, as quais necessitam de um grande trabalho diário e consistente, por isso quis sempre saber mais e conseguir fazê-lo, daí, a ser a minha escolha, e achar que é um desporto espectacular de se ver jogar e que muita gente não sabe o que perde.
FG - Quem é o teu treinador e onde treinas?
JL - Os meus treinadores são a Filipa Lamy e o Tim Willis, este ano tivemos também a colaboração do Professor José Nobre, que nos ajudou bastante esta época. Treino em dois sítios diferentes, segunda, quinta e sexta, no INATEL em Alvalade, terça e quarta treino na Escola Filipa de Lencastre no Campo Pequeno.
FG - Se o Sporting Clube de Portugal e o Sport Lisboa e Benfica criassem secções de Badminton, qual gostarias de representar?
JL - Se fosse pela parte afectiva escolheria o Sporting Clube de Portugal, mas provavelmente escolheria o clube que me desse melhores condições.
FG – Qual a componente técnica, que mais gostas de treinar no Badminton?
JL - Gosto de treinar físico, fazer zonas, sequências e multi-volantes, não gosto de estar parada nos treinos.
FG - Quais os momentos de competição que consideras como inesquecíveis?
JL - O momento mais inesquecível de todos foi mesmo o Europeu, qualquer atleta gostaria de ir representar o país a um torneio desta dimensão. É um orgulho imenso, o pico da época de qualquer jogador. O espírito de equipa, o apoio, os nervos pela pessoa que estava em campo. Saber que tínhamos que dar o nosso melhor e mesmo quando corria pior não podíamos baixar os braços e tínhamos que ir á luta, pois estávamos a jogar em equipa e precisávamos todos uns dos outros num só. O nosso grito antes de começar os jogos, e quanto nos juntamos naquela semana e fomos, uma verdadeira equipa, foi incrível. Outro torneio que me marcou imenso foi no meu primeiro ano de Sub-17, em que durante o ano, a época tinha-me corrido mal e cheguei ao campeonato nacional e consegui ser Campeã Nacional de Pares Senhora e Vice-Campeã, em Singulares.
FG - O que achas da relação entre os atletas da AAE e com os de outros clubes?
JL - Acho que a Académica em si, é um clube bastante querido e mantemos todos uma grande ligação. Em relação aos outros clubes, penso que nos damos bem com todos em geral, uns melhores do que outros como é normal.
FG - O que consideras fundamental para o desenvolvimento do Badminton em Portugal?
JL - O principal é o pouco desenvolvimento que temos e a pouca ajuda por ser um desporto que não é muito conhecido. Deveria haver, um trabalho mais acentuado, em termos de estágios e torneios lá fora, pois é isso que nos faz crescer como jogadores, pois temos a possibilidade de treinar e jogar com pessoas melhores do que nós já que a nível nacional é muito comum jogarmos sempre com os mesmos atletas e torna-se um bocado “previsível” e “cansativo” este tipo de competição. Acho que o nosso país não aposta muito e ainda há muita gente, que desconhece este desporto, enquanto em vários país, o Badminton é um dos desportos mais conhecidos e mais vistos em televisão, e claro que esses país são os mais desenvolvidos, na modalidade e que apresentam melhores jogadores.
FG - Como recebeste a notícia que irias participar no Campeonato Europeu de Sub-19 na Polónia?
JL - Foi o dirigente do meu clube que me avisou, que iria poder participar no Campeonato Europeu na Polónia, e como qualquer atleta neste lugar se sentiria sortudo e orgulhoso de poder representar, o nosso país num torneio destes, num dos torneios mais esperados do ano, onde alguns dos atletas convocados andaram a tentar o apuramento. Infelizmente poderia ter recebido a notícia de melhor forma se não estivesse estado lesionada nessa altura, o que não me possibilitou de treinar o que queria e poder chegar ao Campeonato Europeu e ter a certeza que iria dar o meu melhor, o que não me impediu de fazer o melhor que sabia no momento, ainda para mais por ter sido seleccionada, para jogar a prova de singulares
FG - Qual foi momento que mais te marcou durante a tua estadia em / Polónia e qual foi a sensação de envergares, o equipamento da Selecção Nacional?
JL - Acho que não há só um momento que me tenha marcado mais durante o torneio todo, em geral todos os momentos foram uma novidade para mim e isso fez com que fossem sentidos de uma forma diferente e marcante. Uma das melhores partes foi a relação que estabelecemos entre todos, principalmente com o treinador, ninguém desistia de ninguém, puxávamos por todos até ao último ponto. Ter jogado singulares foi também marcante para mim, pois não estava a espera dessa escolha o que me fez sentir que ainda tinha mais obrigação de dar o meu melhor pois estavam a apostar bastante em mim. Vestir o equipamento da Selecção Nacional foi um orgulho, acho que qualquer atleta gostaria de ter essa sorte durante a sua carreira de não seniores, pois não se compara minimamente a qualquer torneio que possamos ter feito noutro país, era o torneio, a dimensão do pavilhão, a boa organização só me fazia perceber o quanto este torneio era importante e que teria que tirar partido ao máximo.
FG - Quais os objectivos para a época de 2015 / 2016?
JL - Os meus objectivos, para a próxima época são conseguir voltar a ser Campeã Nacional de Pares Senhoras, Pares Mistos e tentar disputar a final de Singulares.
FG - Quais foram as principais competições que já disputaste? E quais as de maior sucesso?
JL - Para além do Campeonato Europeu, não participei em muitos mais torneios noutros países, fui com a Selecção Nacional dois anos consecutivos ao torneio de Espanha, que no geral correram bem para o esperado, e tive a oportunidade com a ajuda do clube de ir ao torneio de Itália, antes do Campeonato Europeu, em que senti que o nível já era mais forte, do que os torneios que participei anteriormente e que correu bem dentro dos possíveis. Participei também nos Internacionais de Portugal, nos últimos dois anos a representar a Selecção Nacional, onde tivemos a oportunidade de estagiar com atletas de outros países, nomeadamente Espanha, Bélgica e Irlanda.
FG - O que mais te impressionou nas competições em que participaste, no estrangeiro?
JL - O nível dos outros atletas, podemos ver que para eles o Badminton é muito mais vivido e mais trabalhado do que no nosso país. A forma como eles aquecem para cada jogo, os alongamentos e a concentração continua que transpareciam, a garra em cada ponto e a forma como liam o jogo, não se compara á competição portuguesa, que por vezes peca, nestas coisas mais básicas.
FG - Quando começaste a treinar imaginaste que eventualmente terias o potencial que tens vindo a demonstrar?
JL - Não. Quando comecei a treinar foi porque gostava e não me queria ficar apenas pelo desporto escolar, queria ir aos nacionais e conseguir passar uma ronda, eram os meus primeiros objetivos, nos primeiros anos, não acontecia com muita frequência, mais nos pares do que nos singulares. Ao longo dos anos, fui começando a ganhar mais do que um jogo, até que nunca me imaginei a conseguir ganhar um torneio. Eu sempre gostei de treinar e acho que o esforço ao longos dos anos foi dando resultados engraçados.
FG - O que mais gostas de ler, no blog Linhas & Finas/+ Badminton?
JL - Gosto de ler as entrevistas sobre os outros atletas e treinadores e gosto também da forma como o blogue segue o Badminton e publicas todas as novidades.
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