Pedro Martins que se apurou para os jogos Olímpicos de Londres 2012, na 52ª posição do Ranking Mundial, esteve bastante tempo afastado dos courts quer nacionais quer internacionais, o que o coloca actualmente na 1638ª posição da tabela mundial. Depois do zonal do Algarve, o regresso ao circuito nacional – fase nacional está já marcada para o próximo fim de semana, na 4ªJornada. Antes do regresso à competição Linhas & Finas/+ badminton quis saber um pouco mais do que se passou com o atleta após que está sem competir desde o final da época passada.
1 - Linhas & Finas/+ Badminton (L&F) – Afinal o que se passou com Pedro Martins, para o afastar assim tanto tempo da competição?
Pedro Martins (P.M) – Quando regressei dos jogos Olímpicos, visto que não tinha férias á uns bons anos e devido ao stress/cansaço físico e psicológico achei (eu e os meus treinadores), que merecia umas “ férias” para estar com a minha família e poder fazer coisas “normais” tais como estar com amigos ou estar fins-de-semanas com a familia, coisas que para mim eram raras. Entretanto decidi inscrever-me na universidade e no final do 1º ano sofri um acidente de viação ao vir de uma aula , a cerca de 40 minutos de casa. Fui ao médico, fizeram-me exames ao corpo inteiro e o diagnóstico foi que não tinha partido nada mas que apresentava compressão medular na zona da cervical devido á violência do embate do jipe (efeito whiplash). Entretanto recuperei, fiz tratamento e voltei aos treinos. Com o decorrer do tempo e de volta á rotina, as dores nas costas, torcicolos e contraturas começaram a ser frequentes. Voltei aos tratamentos e as dores no pescoço e nas costas pareciam ter passado. De repente uma dor aguda na mão direita (dor antiga que ia, quando descansava e voltava, quando havia sobrecarga) dor essa que durava minutos e que se curava de um dia para o outro, voltou a surgir. Essa dor, desta vez não passava, impossibilitando-me de agarrar na raquete.
Parecia que o problema agora era da mão, então comecei a fazer tratamentos á mão. A dor não passava com nenhum tratamento até que me começou a doer também a mão esquerda. Era uma dor semelhante e numa zona simétrica á mão direita. Entretanto fui a um médico ortopedista que concluiu que os nervos estariam danificados o que dava origem às dores em zonas simétricas das mãos impossibilitando-me de pegar ou tocar no que quer que fosse. Felizmente hoje sinto-me muito melhor, a dor passou e já consigo treinar (embora ainda com algumas limitações e de vez enquanto me apareça alguma tensão na zona cervical).
Graças a Deus, tenho pessoas que me ajudaram e me ajudam nesta recuperação não só física mas psicológica (Centro Nenúfar, Ginásio Amarílis, Professor José Guilherme, Professor Celso Dias e Professora Carla Martins, Clube A.C.D. Che Lagoense, amigos e família. Muito Obrigado a Todos!
2 – L&F – É possível uma recuperação total até ao campeonato nacional Individual, para poder defender os títulos conquistados na temporada passada, e ao mesmo tempo dar o contributo à sua equipa CHELagoense no Europeu de Clubes?
P.M – Eu tento ser sempre optimista. O que é certo, é que já comecei os treinos e quando chegar a altura, o que poderão esperar de mim é que darei o meu melhor, como sempre o faço.
3 – L&F - Agora que entrou na Faculdade, estando ainda a recuperar da lesão, como tem conciliado, a recuperação, com treinos e estudos?
P.M - Visto que ainda estou em recuperação, a conciliação dos estudos com os treinos está a ser fácil. Será mais difícil de certeza quando a intensidade e o volume de treino aumentarem porque irei estar mais cansado e estudar depois de dois treinos diários não irá ser tarefa fácil, mas…tudo a seu tempo.
P.M - Visto que ainda estou em recuperação, a conciliação dos estudos com os treinos está a ser fácil. Será mais difícil de certeza quando a intensidade e o volume de treino aumentarem porque irei estar mais cansado e estudar depois de dois treinos diários não irá ser tarefa fácil, mas…tudo a seu tempo.
4 – L&F - Os jogos Olímpicos do Rio (Brasil) ainda estão a 2 anos e meio de distância. É seu objectivo lutar por uma 2ª presença consecutiva na competição mais mediática a nível mundial?
P.M – Sim, sem dúvida, embora tenha consciência de que as condições que tenho não sejam as melhores do mundo, também sei que já é uma sorte enorme ter acesso ao que tenho, visto que o badminton não é das modalidades mais mediáticas em Portugal o que, por sua vez, não ajuda muito a abrir novas portas para apoios á prática da modalidade.
P.M – Sim, sem dúvida, embora tenha consciência de que as condições que tenho não sejam as melhores do mundo, também sei que já é uma sorte enorme ter acesso ao que tenho, visto que o badminton não é das modalidades mais mediáticas em Portugal o que, por sua vez, não ajuda muito a abrir novas portas para apoios á prática da modalidade.
5 – L&F - O Badminton é ainda uma prioridade, ou os estudos tem agora mais importância para o Pedro?
P.M – Desde pequeno que o Badminton sempre foi a minha prioridade e continua a ser. A única diferença, neste momento da minha vida, é que tenho de pensar também noutras coisas que me têm passado ao lado, e que no dia de amanhã me poderão dar muito jeito quer a nível profissional quer a nível pessoal.
6 – L&F - Agora que tem estado por fora, o que acha do badminton em Portugal, qual o futuro da modalidade no nosso pais?
P.M - Eu podia apontar mil e um defeitos e criticar o que se passa no badminton português, mas estaria a ser uma pessoa negativa, coisa que outrora fui mas deixei de ser visto que o negativismo só atrapalha, a meu ver. Além disso o que não falta por aí são pessoas a falar mal do badminton português.
A mensagem que eu quero deixar é que penso que temos muitos “diamantes em bruto por lapidar e hoje, não temos as máquinas, nem certas, nem suficientes para o fazer” ou seja, temos muitos jovens talentosos que adoram a modalidade, mas que se tivessem oportunidade de jogar fora do nosso país iriam evoluir muito mais rápido e com maior qualidade chegando naturalmente muito mais longe. Não estou a dizer que não temos excelentes técnicos em Portugal porque temos, quero sim dizer que há coisas que estão fora do alcance de qualquer treinador e que estão sujeitas e limitadas pelas capacidades do atleta, falo por exemplo da sua maturação quer como atleta quer como pessoa. O mesmo se aplica aos seniores. Digo isto por experiencia própria.
P.M - Eu podia apontar mil e um defeitos e criticar o que se passa no badminton português, mas estaria a ser uma pessoa negativa, coisa que outrora fui mas deixei de ser visto que o negativismo só atrapalha, a meu ver. Além disso o que não falta por aí são pessoas a falar mal do badminton português.
A mensagem que eu quero deixar é que penso que temos muitos “diamantes em bruto por lapidar e hoje, não temos as máquinas, nem certas, nem suficientes para o fazer” ou seja, temos muitos jovens talentosos que adoram a modalidade, mas que se tivessem oportunidade de jogar fora do nosso país iriam evoluir muito mais rápido e com maior qualidade chegando naturalmente muito mais longe. Não estou a dizer que não temos excelentes técnicos em Portugal porque temos, quero sim dizer que há coisas que estão fora do alcance de qualquer treinador e que estão sujeitas e limitadas pelas capacidades do atleta, falo por exemplo da sua maturação quer como atleta quer como pessoa. O mesmo se aplica aos seniores. Digo isto por experiencia própria.
7 - L&F - No contexto actual acha que irão aparecer mais atletas de topo como o Pedro Martins?
P.M - Para se ser um atleta de topo, acima de tudo, temos de amar a nossa modalidade e sentir prazer quando jogamos, sendo que isto é transversal a todas as modalidades. Nesse caso, penso que mais tarde ou mais cedo irão aparecer atletas como eu ou até melhores. Digo isto porque noto nas caras de muitos jogadores mais jovens que, quer estejam a ganhar, quer estejam a perder, estão do inicio ao fim dos jogos, a lutar, de cabeça erguida e a sorrir de satisfação por estarem a jogar, porque embora esta particularidade, por vezes, não se note na expressão da cara, quem está de fora, consegue sentir a alegria e o prazer que esses atletas sentem.
P.M - Para se ser um atleta de topo, acima de tudo, temos de amar a nossa modalidade e sentir prazer quando jogamos, sendo que isto é transversal a todas as modalidades. Nesse caso, penso que mais tarde ou mais cedo irão aparecer atletas como eu ou até melhores. Digo isto porque noto nas caras de muitos jogadores mais jovens que, quer estejam a ganhar, quer estejam a perder, estão do inicio ao fim dos jogos, a lutar, de cabeça erguida e a sorrir de satisfação por estarem a jogar, porque embora esta particularidade, por vezes, não se note na expressão da cara, quem está de fora, consegue sentir a alegria e o prazer que esses atletas sentem.
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