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terça-feira, 20 de março de 2012

Entrevista com...Jorge Azevedo Presidente da ABN

Jorge Azevedo, engenheiro, natural do Porto, com 48 anos de idade, foi eleito como Presidente da Direcção da Associação de Badminton do Norte de 2011 a 2013.   É praticante do badminton dos 16 até aos 30 anos e dos 41 aos 48 anos, sendo filiado pela primeira vez, na FPB na época desportiva de 1978 / 79, em representação do Estrela e Vigorosa Sport. Centro Desportivo Universitário do Porto, Centro Desportivo de Espinho e a Associação Académica de Espinho, foram os outros clubes que representou. Ensina badminton na FDCEF / Porto e integra o projecto dos Fãs do Badminton da Escola Soares dos Reis / Vila Nova de Gaia, mantendo ainda em actividade, na cidade do Porto, um Centro de Badminton.

Entrevista conduzida por Fernando Gouveia (FG) a Jorge Azevedo (JA).
FG - Para a época desportiva de 2012 / 2013, quais os objectivos da ABN?
JA - Serão o de criar etapas intermédias de competição para dar opções ao Circuito Nacional da FPB.
FG - Qual o grande objectivo que a ABN gostaria de alcançar?
JA -Gostaríamos de captar uma boa percentagem dos praticantes escolares existentes para o seio da associação e das suas iniciativas. São milhares de praticantes que aguardam essa aproximação!
FG - Com tantas dificuldades em captar jovens para o desporto, como a ABN poderá atenuar esta situação?
JA - Neste momento não se trata de captar jovens para este desporto porque já há imensos, mas sim de tratar dos que existem e do que lhes podemos oferecer numa competição regional. Só isso poderá servir de motivação para agarrarem esta modalidade e se posicionarem numa das fases do panorama nacional da modalidade. Neste momento só existem dois degraus no badminton que são o desporto escolar e depois o circuito federado de topo.
No meio existe o programa dos Torneios de Divulgação que ainda não está a ser rentabilizado como deve ser.  
Urge dar a esta forma de transição entre os Desporto Escolar e o Federado, uma maior dinâmica, para captar todos aqueles que não têm estruturas para atingirem um nível mais alto.
Este será um dos temas a tratar com especial atenção na próxima época pela ABN.
Também se vai assistindo à desistência de muitos atletas de qualidade, simplesmente porque o circuito nacional não está ao seu alcance e não existem alternativas no escalão sénior que prendam o interesse deles.
FG - Com um intercâmbio, bem trabalhado  com as escolas, será possível apresentar uma imagem diferente, para o desenvolvimento do badminton?
JA - O badminton tem um estigma bem enraizado de que se trata de um jogo de meninas e que é aprendido de forma natural sem ser necessária a intervenção dos professores na aprendizagem técnica!
Perante esta onda que percorre as escolas nacionais só um tratamento tópico e local, poderá alterar esta situação. As Acções de Formação são positivas mas não atingem o alvo.
Tenho encontrado imensos casos de falta de conhecimentos técnicos por parte dos responsáveis pelos Núcleos Escolares de Badminton que se torna preocupante.
Também já encontrei aulas de Educação Física dedicadas a este desporto que os alunos simplesmente fazem jogos e metade da turma assiste, esperando vez para fazer um jogo.
Tudo isto se rebate com proximidade, fazendo acções de formação simplificadas, mais ou menos informais, de forma a abranger o maior número possivel de Núcleos de Badminton.
Estou a adoptar esta atitude, tendo já visitado cerca de 8 Núcleos Escolares de forma a alertar para a exigência técnica desta modalidade. A receptividade tem sido excelente e nos Torneios de Divulgação tenho já constatado alguns resultados positivos, que me dizem que o caminho não está errado.
Estas deficiências técnicas criam um fosso enorme entre o Desporto Escolar e o Federado, que impede o sonho competitivo, à maior parte dos jovens. Acaba por ser uma das poucas modalidades onde isto acontece com mais destaque, daí a fraca adesão dos praticantes ao patamar seguinte.
FG - Para quando um Torneio Luso-Espanhol organizado pela ABN?
JA - Um torneio internacional surgirá naturalmente, quando os associados resolverem todas as questões mais urgentes e determinantes para o sucesso e crescimento do número de clubes e praticantes.  Nesta altura o que há a fazer é garantir a continuidade dos já existentes. Contactos internacionais irão surgir com naturalidade e em moldes inovadores! Se calhar com um Portugal / Dinamarca, quem sabe?
Neste momento todas as semanas têm aparecido atletas franceses, indianos, dinamarqueses e ingleses, residentes na área do Porto no Centro de Badminton, o que tem possibilitado alguns contactos internacionais.
FG - Com apenas 7 clubes filiados na ABN está muito limitada, em termos de dimensão competitiva. O que deverá ser efectuado para ultrapassar esta situação?
JA - Neste momento não faltam núcleos desportivos escolares de badminton, dinâmicos, descentralizados das zonas onde já existem clubes, que querem crescer e progredir. Terão de ser apoiados pela ABN o mais possível e aproveitados para o espaço federado. Agora quando estes me perguntam se valerá a pena darem o passo para serem federados, a resposta é muito limitada. Para quê? e que agravamento de custos terão? Se a maior parte dos clubes actuais estão em dificuldades, o que é que poderão esperar os novos que querem dar esse passo?
Passará por se dizer que ao ser federado ficam com o clube registado na FPB e podem ter acesso às provas da FPB nas Caldas da Rainha.
No entanto serão obrigados a ter uma estrutura regulamentada, treinador registado, jogar com volantes de penas, pagar inscrições, deslocações e estadias.... e em troca?...
FG - Como avalia no geral o badminton nortenho?
JA - Está a viver o dia a dia à espera de soluções novas. Devido aos anúncios da crise e dos cortes orçamentais, tornou-se dificil de conseguir apoios junto das escolas e de entidades privadas, porque estas também estão a efectuar reduções. Quando passar este ano e a estabilidade regressar, poder-se-á voltar a propor novas iniciativas para as quais as portas não se fecharão com tanta facilidade. Neste momento só o desporto escolar funciona e tem algumas verbas oficiais para se mexer.
FG - Que mudanças positivas deveriam ser efectuadas no desporto escolar e em particular no Badminton?
JA - O fosso técnico entre o desporto escolar de raiz e o desporto federado é enorme, cortando o sonho e o acesso a todos os que nele andam sem bases técnicas. Isto tem de mudar para que o sonho permita a transposição para a realidade sem grandes sobressaltos. Ou então criar uma estrutura organizativa intermédia, de custos menores, para permitir uma evolução mais gradual.
FG - Conhecendo-se a necessidade de formação técnica dos professores, o que deveria ser efectuado, para ultrapassar esta situação?
JA - Ao nível da formação universitária já está a ser feito mas, falta actuar na geração de professores colocados nas escolas, e para o qual essa mudança não surte efeito. Nestes casos só uma formação próxima poderá fazer mudanças, a começar pela actuação junto dos responsáveis pelos núcleos de desporto escolar de badminton.
FG - Paralelamente com a formação de jovens jogadores, concorda ou não, também com formação noutras áreas como a arbitragem ou até o dirigismo?
JA - Principalmente no dirigismo..... esta área está fortemente deficitária e limita o nascimento de novos clubes. Será que com uma gestão mais especializada não se ganharia organizações de eventos mais profissionais e clubes mais estáveis?
Realizar eventos amadores estamos nós habituados, mas será que não estamos a perder oportunidades mais rentáveis, simplesmente porque não temos bases de conhecimentos suficientes?
Um torneio pode ser um negócio como os espectáculos o são. Agora os investimentos passsariam a ser maiores e mais arriscados.
FG - Os actuais modelos competitivos implementados pela FPB têm provocado  opiniões contraditórias. Deveriam ou não ser  efectuadas algumas alterações, para que o Badminton Nacional não retrocedesse, ainda mais?
JA - As mudanças da competição sénior ficaram a meio do caminho na minha opinião. Quando eu falava num ranking nacional único, falava também na separação do ranking por 4 provas ou escalões, e não em 2 como está actualmente. Haveriam na mesma as 4 provas que haviam antigamente, mas com um escalonamento dos jogadores dinâmico sem escalões fixos no inicio da época. Neste momento para os jogadores das antigas categorias B e C só lhes restam competir e fazer número nas provas...
FG - O caminho para uma desejada “pirâmide”, em que os atletas dos escalões jovens, deveriam ser a grande “aposta”, deixa algumas perspectivas para o futuro da modalidade em Portugal?
JA - Se o fosso técnico entre o desporto escolar e o federado diminuir, será possivel estruturar e ligar melhor as várias etapas da modalidade.
FG - Vale a pena estudar e alimentar o sonho de ser um atleta de elite em Portugal, atendendo às dificuldades financeiras, logísticas, físicas, entre outras?
JA - Esse sonho depende de muitos factores exteriores ao jovem dotado. A um campeão não chega só ter jeito,  necessita de apoio familiar, apoio financeiro, e de um clube que o acompanhe nesse projecto dispendioso. Só com todos estes factores a funcionarem em conjugação é que poder-se-á discutir se o jovem tem futuro ou não como atleta de elite. Prefiro pensar que estes casos não são fabricados mas que aparecem e têm de ser acarinhados. Nesta como noutras modalidades, quando um jovem chega à fase de ser notado, já passou por um investimento enorme por parte da família e do clube.
FG - Perante a grave instabilidade económica e social, como será o futuro da modalidade em Portugal?
JA - Vai recuar muito em termos de qualidade e de condições postas à disposição dos atletas. Estando a FPB limitada nas suas acções, os agentes desportivos têm de se virar regionalmente para a criação de eventos de baixo custo, que mantenham a adesão competitiva.
FG - Com tantas dificuldades em conseguirem-se elementos disponíveis, qual a sua opinião para se constituir uma lista candidata às próximas eleições federativas?
JA - Elementos disponiveis para fazer avançar o Badminton existem, mas não nos moldes actuais em que a modalidade vai andando.
Recuando 15 anos, a FPB tinha como encargos uma sala num andar, na Rua Arco do Cego, em Lisboa donde tudo era coordenado e onde as iniciativas descentralizadas eram a política seguida. Actualmente o volume de despesa da FPB é muito superior, impondo uma diminuição de iniciativas alternativas, que promovam a descentralização da modalidade.
Tudo se passa num local e o resto aguarda que alguma mudança ocorra. Aqui as Associações também precisam de se dinamizar e tratar da sua vida.
Toda a modalidade cultiva um exagerado estatuto “amador e carente”, bloqueando a criação de mudanças.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma pequena rectificação.

A Associação de Badminton do Norte - ABN, tem oito (8) Clubes filiados e não 7, como o Jorge Azevedo e o Prof. Gouveia referem.

Cumprimentos,
José Manuel Almeida