Pequim: poluição duas vezes superior aos máximos aconselháveis

A qualidade do ar em Pequim está ainda muito abaixo dos padrões internacionais, como os da Organização Mundial de Saúde, apesar dos esforços para controlar a poluição, disse hoje a organização ambientalista Greenpeace.
A 11 dias do início dos Jogos Olímpicos, os níveis médios de concentração de partículas, um dos principais indicadores da poluição atmosférica, estão ainda em valores duas vezes acima dos recomendados pela OMS, mostra um estudo da Greenpeace, com o título "China depois dos Jogos Olímpicos - Lições de Pequim".
Com os Jogos a decorrer na capital chinesa entre 08 e 24 de Agosto, os ambientalistas elogiam, no entanto, o governo de Pequim, que, dizem, conseguiu reduzir os níveis de dióxido de enxofre para níveis abaixo dos recomendados pela OMS.
"A actual qualidade do ar em Pequim ainda enfrenta grandes desafios, devido à explosão económica do país e ao rápido aumento da propriedade de automóvel individual", alerta o estudo.
Ainda de acordo com o relatório da Greenpeace, "apesar de Pequim ter remodelado as fábricas para melhorar a qualidade do ar na cidade, deveria ter sido feito mais para levar a cidade a adoptar métodos de produção mais limpos".
A Greenpeace culpa ainda as autoridades por não terem actuado de forma suficientemente rápida para melhorar o sistema de transportes públicos urbanos e por não terem feito o suficiente para limitar a compra de carros particulares, uma vez que só no primeiro trimestre de 2008 pelo menos 120 mil novos carros encheram as ruas de Pequim.
Os ambientalistas destacam, no entanto, o papel dos Jogos Olímpicos e da administração municipal de Pequim na mudança para melhor na qualidade de vida e na consciência ambiental da capital chinesa.
"O que é particularmente único nos Jogos Olímpicos de 2008 é que eles vão deixar um legado ambiental importante na cidade de Pequim, em áreas como os transportes, infra-estruturas, eficiência energética e no desenvolvimento de energias renováveis e nas capacidades de gestão de água e de resíduos", considera o estudo.
No ano passado o presidente do Comité Olímpico Internacional, Jacques Rogge, afirmou que a má qualidade do ar poderá ter como consequência a suspensão de algumas provas, sobretudo em disciplinas de resistência como a maratona.
Pequim já encerrou as fábricas mais poluentes da cidade, proibiu as obras de construção civil e, desde 20 de Julho, instituiu dias alternados para a circulação de automóveis privados.
Apesar destas medidas, a atmosfera da capital chinesa continuava hoje carregada, com o céu nublado e cinzento e a mistura de nevoeiro e poluição a esconder o sol, fazendo as autoridades municipais admitir acções mais drásticas para reduzir a poluição até 08 de Agosto, dia do arranque dos Jogos Olímpicos.

Fonte: JN