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domingo, 1 de março de 2015

Entrevista com... o professor Luís Carvalho conduzida pelo Prof. Fernando Gouveia

Entrevista com...
o professor Luís Carvalho

Introdução - Luís Carvalho, professor de Educação Fisica, natural de Lisboa e residente em Peniche, docente no Agrupamento de Escolas D. Lourenço Vicente-Lourinhã, envolvido na modalidade de Badminton desde 1971 como praticante, treinador de grau III, foi Director Técnico da Federação Portuguesa de Badminton, durante 10 anos em vários períodos, selecionador nacional durante 8 anos, treinador de vários clubes sendo o último o Clube Stella Maris de Peniche desde 1985, frequentou inúmeras acções de formação no estrangeiro entre as quais 4 SummerSchools (sendo a última como Head Coach), único treinador português convidado para orientar diversas acções para a Federação Internacional (África. América Central, do Sul e Europa), Director Técnico e treinador nacional do México e do Brasil, formador de treinadores nacionais e internacionais, técnico responsável por atletas olímpicos nos Jogos de Barcelona ( Fernando Silva) e de Londres (Telma Santos). Eleito também pelo Blogue Linhas & Finas/+ badminton como treinador do ano 2012.

Fernando Gouveia - É muito difícil o trabalho de treinador de Badminton?
Luís Carvalho – Encerra as mesmas dificuldades de algo que pretendamos fazer bem, com profissionalismo e dedicação. Nesta nossa modalidade o que se passa é que ao mesmo tempo que somos técnicos também somos dirigentes, motoristas, etc , etc, etc. e esta diversidade de funções por vezes cria bastantes problemas.
FG - Gosta mais de trabalhar com os não seniores ou com os seniores?
LC – São desafios diferentes como também é diferente trabalhar com seniores que já “cresceram” connosco e estão habituados a processos, metodologias e intensidades, ou outros que têm outros hábitos de trabalho. Respondendo concretamente, gosto de trabalhar com os dois escalões. Ter a oportunidade de ver os mais jovens crescerem e desenvolverem-se é tão gratificante como acompanhar os mais velhos na sua afirmação. Dizendo de outra forma, a “escada” (que é o percurso a percorrer pelos atletas) é a mesma, apenas a forma de ajudar a “subir” é que pode diferir.
FG - Quais foram os grandes jogadores que lhe passaram pelas mãos?
LC – De jogadores nacionais posso falar de toda uma geração de atletas de Peniche. Dos jogadores mais conhecidos tenho de falar no Fernando (Silva), na Telma (Santos) ao nível diário e de clube, e de outros ao nível das selecções nacionais o Marco (Vasconcelos), o Ricardo (Fernandes), etc. Durante estágios e academias no estrangeiro tive a oportunidade de trabalhar com atletas de vários continentes que vieram a ser importantes a nível internacional. Tive a sorte de ter aprendido bastante com todos eles, nacionais e estrangeiros.
FG - Descreva um pouco sobre o Clube Stella Maris e quais as maiores dificuldades que sentem, na presente época desportiva?
LC – O CSM é desde sempre um clube 100% amador (treinador incluído) que surgiu há muitos anos como “ramo” da obra social da paróquia de Peniche e particularmente o Badminton surgiu neste Clube pela mão do meu amigo e um dos meus mentores o Prof. Nuno Bello. Sendo um Clube 100% amador e recebendo um pequeno subsídio por parte da Câmara Municipal, a maior dificuldade com que nos deparamos é obviamente financeira já que os gastos com a parte administrativa, o material e as deslocações absorvem completamente os recursos. Os atletas (e as suas famílias) e os treinadores suportam completamente os seus próprios custos. Temos a grande vantagem de ter instalações que nos pertencem (5 campos) e de transportes próprios que podemos administrar (suportando nós os combustíveis, portagens, etc.).
FG - Como observa a relação dos clubes com a FPB?
LC – Sem querer ser injusto, não observo porque não existe. O contacto (e não relação) existe apenas de uma forma puramente formal e administrativa. Apenas respondo assim, porque na minha maneira de ver, um clube deveria estar para a Federação, como uma família está para a sociedade. É a célula onde tudo começa e sem células não há corpo, e sendo assim deveria ter uma importância que não lhe é dada.  
FG- Qual a sua opinião sobre, a situação do Badminton Nacional no actual contexto e panorama económico/financeiro e social?
LC – É óbvio que o momento que vivemos em Portugal retirou muitos recursos e as pessoas estão muito preocupadas em assegurar o essencial para viverem condignamente. Por outro lado ainda falta muito para que a generalidade das famílias em Portugal considere e aceite a pratica física e desportiva como algo fundamental na formação e desenvolvimento das crianças e jovens. Por último, o que se vê no panorama desportivo nacional é que esta crise que vivemos para alguns foi providencial porque serve sempre de desculpa para aquilo que não queremos fazer. 
FG - Para quando um Torneio Internacional em Peniche, com Telma Santos e atletas do seu actual clube, o Vendsyssel Elite Badminton, da Dinamarca?
LC – Vamos ver quando será possível. Para já temos outros projectos a concretizar nomeadamente os campos de treino de preparação da próxima época desportiva ( 1 semana+1 semana), abertos a atletas nacionais e estrangeiros, e que decorrerão em Peniche no final do mês de Agosto deste ano e que contarão com 6 técnicos (Fernando Silva, Telma Santos, Filipa Lamy, Tim Willis, Jorge Cação e eu próprio) e 40 atletas em cada semana.
FG - O Badminton é uma modalidade de cariz popular, mas em Portugal não tem grande implantação. Porquê?
LC – Já foi pior e creio que temos vindo a melhorar. Entendo aqui o popular com o significado de atractiva e de fácil iniciação. Porquê a pouca divulgação/implantação? Por razões de vária ordem como a falta de divulgação nos media, a falta de um marketing dirigido à modalidade, a falta de um plano nacional de promoção, a falta de uma cooperação mais profícua entre o Desporto Escolar e a Federação da modalidade, e se calhar por mais algumas razões.
FG - Os resultados que os portugueses têm alcançado internacionalmente, estão longe de corresponderem à muito baixa competitividade existente no país. Como explica esta situação? Seremos um país de atletas / fenómenos?
LC – Somos obviamente um País que tem os seus talentos e em que a maioria desses talentos está disposta através de muitos sacrifícios e dedicação a melhorar as suas performances, e onde há treinadores que sabem como trabalhar e o que trabalhar. Importa sim colocar outras interrogações como por exemplo, “Quantos talentos já perdemos e porquê?”, “Com outra organização e sistematização onde poderíamos chegar?”, etc. etc.
FG - Qual a observação que faz sobre a muito pouca sensibilização da Comunicação Social, para com o Badminton?
LC – Enfim a pouca sensibilização em relação ao Badminton é a mesma que os media em Portugal têm para com outras modalidades ditas menores. Acho que todos entendemos que nos media (como na maioria das organizações) há lobbies e esses lobbies defendem interesses específicos de determinadas modalidades. Felizmente há honrosas excepções, mas é justo referir que quando existe algum resultado relevante na modalidade sobretudo ao nível internacional, as notícias de “duas linhas” já começam a aparecer com mais regularidade. Acho que este esforço de penetrar a sério nos media deveria ser uma prioridade muito forte por parte da nossa Federação.

FG - O que uma criança precisa para jogar Badminton e com que idade deve começar a treinar?

LC – Quanto a mim precisa apenas de vontade, incentivo e as indicações básicas para que maus hábitos (técnicos) não prejudiquem a sua aprendizagem futura. Uma criança quando começa não treina Badminton, brinca ao Badminton. Gradualmente vão-se introduzindo e corrigindo os gestos mas nunca numa perspectiva de treino mas sim de divertimento e convívio. Será muito mais diversão e deverá caber ao treinador através da sua observação, estabelecer quando determinada criança poderá então passar a efectuar algo mais sistematizado, respeitando de uma forma individual a capacidade de aprendizagem de cada uma. Creio que a idade ideal deverá ser a dos 6-7 anos, o que não impede que crianças mais novas não possam e devam brincar ao Badminton.
FG - Porque é importante que as crianças pratiquem desporto?
LC – O papel formativo, educativo, de promoção de hábitos de vida saudáveis, social e inclusivo da prática desportiva está hoje universalmente aceite, mas é pena que em Portugal isso ainda não seja plenamente aceite ao nível das famílias ou sendo aceite não lhe é dada a importância devida. A actividade física e o desporto têm sempre de ser encarados como um investimento e não como um gasto ou algo supérfluo.
FG- É diferente treinar atletas femininos e masculinos, porquê?
LC – Em primeiro lugar porque em termos físicos existem diferenças e em segundo porque as exigências tácticas durante um jogo de singulares ou pares homens e outro de singulares ou pares senhoras e as respectivas intensidades são claramente diferentes, se bem que os princípios de jogo sejam os mesmos.
FG- Quais são os erros mais comuns dos pais frente à formação desportiva dos seus filhos?
LC – Creio que a maioria dos pais (infelizmente alguns treinadores também o fazem) se centra muito mais no resultado do que no benefício e correcção da prática, o que num processo de formação é profundamente errado. Isto acontece na nossa como noutras modalidades. Cabe ao treinador ter esse papel pedagógico também com os pais em dois aspectos fundamentais: 1º moderar as expectativas, já que muitos deles “revêm-se” através dos filhos, querendo sempre que os filhos atinjam algo que eles nunca conseguiram; 2º fazer entender que tudo tem o seu tempo próprio e que nunca se devem acelerar nem saltar etapas de formação.
FG - Actualmente como se realiza o seu trabalho com Telma Santos e desde que idade começou, a treinar sob a sua orientação?
LC – A Telma começou a trabalhar comigo desde que apareceu na modalidade e tinha (creio) 7 anos. Hoje temos um relacionamento que transcende a relação atleta/treinador porque não nos podemos esquecer que já lá vão mais do que 20 anos. Neste momento a Telma recupera da intervenção cirúrgica a que foi submetida e felizmente tudo está a correr bem. Esperamos em breve recuperar progressivamente a nossa rotina de trabalho, que está alicerçada nos dois treinos diários (sejam eles de ordem técnica e/ou física), 5 a 6 dias por semana, para tentar que a meio de Abril a Telma esteja em condições suficientes para entrar em competição.
FG - Qual a sua expectativa de Pedro Martins e Telma Santos, para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e qual a estratégia para garantir uma vaga atendendo, que a contagem para o "Ranking Mundial" tem início, no pré-olímpico?
LC – Para já a grande expectativa e ao mesmo tempo objectivo é garantir a qualificação tanto para um como para o outro. Este não vai ser um objectivo fácil atendendo às condições actuais de ranking e vai requerer uma forte motivação, um espírito de sacrifício muito grande, um foco completo no treino e na competição e uma entrega muito grande. Na minha perspectiva, é fundamental subir no ranking (escolhendo os torneios mais correctos atendendo á “forma” de cada atleta) e a partir daí fazer a aposta em torneios de outra exigência para consolidar e melhorar ainda mais esse ranking.
FG - Pela sua experiência de treinador, qual o caminho que deveremos seguir para que a modalidade se desenvolva? A escola é importante nesse processo?
LC – Para trabalhar nessa direcção, eu colocaria a resposta nestes termos: Vectores ou pilares fundamentais -  1) Aumentar a base de recrutamento e de envolvimento de praticantes (Escola e todo o conjunto de acções necessárias a cativar e ligar novos praticantes e manter os actuais); 2) Marketing da modalidade ( “vendendo” o Badminton e sobretudo angariando patrocinadores externos para a modalidade); 3) Organizar dinamicamente o sistema competitivo e o planeamento competitivo por forma a servir dois objectivos - o interesse de todos os atletas já existentes (fidelizá-los á modalidade) e a promoção da qualidade da sua prática e da sua evolução; 4) Valorizar todos os agentes da modalidade proporcionando-lhes orientação, formação e estimulando as suas carreiras; 5) Avaliar permanentemente o que se faz, com capacidade auto-crítica e com a dinâmica que permita manter o que está bem e alterar o que não funciona. Tal como já disse atrás há gastos que não o são. São investimento !!
FG - Existem em Portugal grandes dificuldades para se formar um atleta olímpico?
LC – Existem de facto dificuldades mas essas dificuldades são maiores ou menores dependendo onde se está geograficamente. Quero com isto dizer, que fora das grandes cidades se resolvem com mais facilidade todos os aspectos logísticos, de horários de treino, de compatibilização de actividades, de espaços para a prática, etc. Para os atletas que ainda estudam (e são a grande maioria) isto é também verdade para os diferentes estabelecimentos de ensino. Há uns que compreendem e outros que complicam. Por fim, referir as dificuldades em ter os necessários meios financeiros que são essenciais principalmente para se poder competir e treinar com regularidade no estrangeiro.
FG - Portugal deveria ou não participar, nos Jogos Olímpicos da Juventude, para criar nos jovens jogadores, novos desafios para continuarem a evoluir?
LC – Deveriam ser criadas condições para participar nessa e noutras competições como por exemplo os Jogos do Mediterrâneo, para além daquelas que podemos apelidar de “normais” como sejam os Campeonatos da Europa dos diversos escalões. Porque não tentar também introduzir o Badminton nos Jogos da Lusofonia no âmbito da CPLP?
FG - Recentemente Telma Santos ingressou, num clube dinamarquês, mas acha que ela poderia participar nas competições portuguesas. Qual a sua opinião sobre esta situação?
LC - À semelhança daquilo que é feito noutros países (Inglaterra, França, Suiça, Alemanha, etc.), penso que devia ser permitida a participação em torneios individuais. Lógico que os regulamentos portugueses teriam de sofrer as necessárias adaptações, mas creio que a pior solução é deixar de fora da competição em Portugal os melhores praticantes. Ganharia a competitividade e a qualidade da competição em Portugal e claro que ganhariam os atletas envolvidos (neste momento é a Telma mas amanhã poderão ser muitos mais). Quando falo nos atletas envolvidos refiro-me a todos porque aumentando a dificuldade e competitividade, o nível geral será obviamente mais alto.
FG - Que comentário faz, sobre o actual sistema competitivo em vigor nas provas disputadas em Portugal?
LC – Numa das perguntas atrás já respondi de certa forma. Creio que há coisas que servem o interesse dos atletas e da modalidade e outras que não servem nem uma coisa nem outra e que portanto deveriam ser discutidas e mudadas. Para mim, qualquer sistema competitivo e planeamento tem de ir ao encontro do interesse e proporcionar o desenvolvimento dos principais destinatários: os atletas.
FG - Como é possível identificar talentos desportivos ainda na infância? Quanto tempo é preciso para formar um atleta de nível competitivo internacional?
LC – No último período em que me foram atribuídas algumas responsabilidades de organização na modalidade, trabalhei com o meu colega Jorge Cação no sentido de construir um modelo equilibrado de aplicação nacional que permitisse exactamente a detecção de talentos. Socorremo-nos de estudos e prácticas de outros países e produzimos um documento onde se tentava reproduzir e organizar esse modelo dentro da realidade portuguesa. É nossa opinião que a detecção de talentos é um factor determinante no desenvolvimento qualitativo da nossa modalidade, dadas as características de exigência e da riquissima diversidade técnica que o Badminton encerra. Quanto á questão de quanto tempo é preciso, adopto aquilo que é afirmado pelos especialistas em desenvolvimento desportivo (e que consigo comprovar pela minha práctica), de que são necessários entre 10 a 12 anos de trabalho a que correspondem mais ou menos 10 a 12 000 horas de treino.
FG - Quais os seus principais objectivos para os próximos anos?
LC – Continuar a trabalhar com os atletas, procurar melhores condições para o Stella Maris, melhorar como treinador e contribuir da maneira que me for possível para o desenvolvimento do Badminton em Portugal.
FG - Em sua opinião, qual foi o seu melhor momento como treinador?
LC – Qualquer um em que me sinta realizado na tarefa em que esteja empenhado, seja ela em treino, em competição, em organização, em formação. Os momentos mágicos para mim foram/são vários: os dois desfiles de abertura nos Jogos Olímpicos de Barcelona e de Londres, o orgulho que senti nas diversas vitórias internacionais da Telma e do Fernando, o recente título europeu do Fernando e de uma forma geral sempre que sinto que o meu trabalho ajudou ou ajuda de alguma forma um bom desempenho dos atletas que trabalham comigo. E um bom desempenho para mim não implica necessariamente uma vitória. Posso sintetizar dizendo que a minha motivação é sempre estimulada pela observação do progresso e do desempenho dos atletas que trabalham comigo.
FG - A participação de Telma Santos, nos Jogos Olímpicos de Londres teve alguma importância, para a população de Peniche?
LC – Teve bastante importância não só pelo reconhecimento geral das pessoas em relação a esse feito, mas também porque o que se seguiu foi um crescendo de interesse na prática da modalidade por parte sobretudo de muitas crianças, das suas famílias e da própria autarquia.
FG - O caminho para uma desejada “pirâmide”, em que os atletas dos escalões jovens, deveriam ser a grande “aposta”, deixaria algumas perspectivas para o futuro da modalidade em Portugal?
LC – Podemos dar as voltas que quisermos mas a realidade é que sem uma base alargada, permanentemente renovada, bem orientada e correctamente estimulada, não conseguiremos nunca progredir como gostaríamos. Disto temos um grande exemplo aqui mesmo ao lado em Espanha, onde a par do que atrás disse tiveram a sagacidade de saber colocar os técnicos certos numa perspectiva concertada a liderarem as diferentes áreas técnicas numa via local e regional: desenvolvimento, detecção de talentos, formação, pré-competição, média competição e alta competição.
FG - Na generalidade o jogador português treina muito pouco, pelo que os mais diversos componentes do treino, ficam longe de serem devidamente desenvolvidos. Como ultrapassar esta situação?
LC – Creio que assim que se definirem claramente objectivos, assim que se estabelecerem claramente  apoios, assim que se definirem claramente responsabilidades e assim que se definirem claramente critérios de avaliação a todos os agentes envolvidos, os atletas se sentirão suficientemente motivados e estimulados para trabalhar mais e melhor.
FG - Como avalia a época desportiva 2013 / 2014 em Portugal, em termos de dimensão nacional e internacional?
LC – A nível nacional creio que tem sido tudo muito igual e muito pouco estimulante para os atletas. A nível internacional e através do investimento de alguns clubes, alguns atletas e algumas famílias houve (e bem) a tentativa de procurar outros níveis competitivos e outros patamares de qualidade.
FG - Qual a sua opinião sobre, pontuação, com partidas ao melhor de 5 jogos de 11 pontos, que está a ser testada, em alguns Torneios Internacionais?
LC – Honestamente este sistema experimental não me agrada porque me parece que favorece claramente os atletas de menor condição física. Havia outras alternativas experimentais e que uma delas (não descaracterizando o jogo e mantendo a espectacularidade) serviria claramente os propósitos da BWF que é o de reduzir o tempo de jogo por forma a tornar o Badminton mais “vendável” em termos televisivos. Estou a referir-me á opção de 3 sets de 15 pontos (com vantagens até aos 19 em caso de necessidade).
FG - Qual a sua opinião, sobre a não verdade competitiva, que se observa no Badminton Escolar, onde os mais qualificados jogadores federados participantes, em provas organizadas pela FPB também disputam, as competições escolares provocando, um grande desequilíbrio competitivo?
LC –Em relação a esta questão o meu ponto de partida é o seguinte: não deverá ser negado a nenhum aluno de qualquer Escola a prática de qualquer actividade que essa Escola proporcione, independentemente do seu ponto de partida individual. Reconheço a desigualdade de condições entre federados e não federados mas penso que este problema só se coloca com maior premência nas modalidades individuais, já que nas colectivas poderá sempre limitar-se o número de federados que cada equipa escolar possa incluir moderando desta forma a desigualdade atrás referida. Assim, creio que para as modalidades individuais deveriam estudar-se outros modelos e/ou formas competitivas que permitissem atenuar este problema, tornando mais gratificante para todos os alunos a sua participação nas competições escolares.
FG - A FPB para possibilitar a rentabilidade, do Centro de Alto Rendimento, veio prejudicar os clubes, obrigando-os a deslocarem-se a Caldas da Rainha, para disputarem ao longo da presente época desportiva 30 competições. Qual o seu comentário?
LC – Eu penso que com um planeamento correcto é possível não só satisfazer a necessidade de se ocupar o CAR, mas também proporcionar a possibilidade de haver mais torneios de clubes espalhados pelo País o que levaria a que os atletas não se tivessem que deslocar sempre para Caldas. Para isso poder acontecer teria de ser feita uma revisão completa ao sistema competitivo, adaptando a construção dos rankings nacionais a uma realidade diferente (ou pensar até que ponto esses rankings são importantes), continuando a tentar uma maior regionalização das provas mas de certeza uma regionalização diferente da actual, quem sabe até criando outros níveis de competição.

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